Tudo o que envolve a vida militar sempre me passou ao lado - apesar de ter tido um bisavô com uma patente elevada no Exército, um outro cozinheiro (ou Chef - como se diria agora) na Marinha e de o meu tio e o meu pai terem estado ao serviço do Estado durante a guerra do Ultramar - até que chegou o dia...
Há umas semanas o meu pai recebeu uma carta com uma convocatória para receber uma medalha pelos serviços prestados em Moçambique entre 1969 -1971. Confesso que primeiro não dei grande importância, mas "caiu-me a ficha" e apesar de este período da vida dele ser quase um tabu, achei que seria importante partilhar deste momento, e quase em cima da hora decidi ir.
Nunca tinha assistido a uma cerimónia militar e acho que consigo resumi-la numa palavra só: emocionante! O momento em que toda uma praça fardada e medalhada canta solenemente o Hino de Portugal, o "JURO" dito em coro pelos recrutas no Juramento de Bandeira, o ritmo da marcha e o eco do bater dos pés no chão... e, obviamente, o momento em que se ouve o nome do meu pai e lhe é colocada uma medalha ao peito - que vale o que vale, mas que é um reconhecimento, afinal podia ter sido outra pessoa entre tantos milhares que deixaram o país na altura, mas foi o meu pai! E tudo isto na cidade mais bonita do Algarve: Tavira.
Que pensamentos me passaram pela cabeça? Tantos...de coisas que não vivi, de outras que - graças a Deus - não vivo. Um militar não "vive só da guerra", vive do serviço ao país: ajuda às populações em momentos de cheias, incêndios e tantos outros. Por isto e por muito mais, merecem o nosso respeito. E acredito que lhes sejam incutidos valores - muitos semelhantes aos que tenho, que não aprendi na tropa, mas que me vêm de um background familiar e de um colégio de freiras :-) - que levam para a vida.
Consegui "meter uma cunha" com o fotógrafo oficial do evento e mais ou
menos movi-me dentro do recinto sem que ninguém me viesse dizer "não
pode estar aí!". Como esta foi uma cerimónia pública, deixo aqui as
fotos que consegui.
Tenho plena consciência de que este post é totalmente despropositado do contexto do PpM, que pode haver muita gente que não o compreende, que pode levantar vozes duras aí escondidas, mas não podia deixar de partilhar estes momentos convosco. Só vos peço: se quiserem comentar, que comentem por bem, mas se o que têm a dizer é para espalhar tristeza, ódio, revolta ou qualquer sentimento negativo afastem os dedos do teclado. Obrigada!
São momentos que ficam para sempre na memória e o seu pai, deve ter ficado orgulhoso, primeiro pelo serviço que cumpriu e segundo por ter a filha presente neste dia.Beijinhos
ResponderEliminarParabéns! Pela condecoração do pai e pelo legítimo orgulho que demonstras. E pelas bonitas fotos!
ResponderEliminarParabéns! Pela condecoração do pai, (se é o senhor que se vê nas fotos, fico muito feliz pois é o meu amigo Florêncio)! Parabéns pela descrição tão sentida do momento!
ResponderEliminarBoa noite Ana Paula,
EliminarÉ sim, o pai Florêncio :)
Um beijinho
Tenho um militar cá em casa e tenho muito orgulho disso. Parabéns ao teu pai Margarida :)
ResponderEliminarConseguiste passar a emoção do momento para as fotografias. Obrigada pela partilha mais para o pessoal!
ResponderEliminarExcelente texto, fiquei emocionado. Parabéns!
ResponderEliminarFoi através do Facebook, através de um "Camarada d'Armas", com longo historial na carreira militar que soube do seu Blogue e da respectiva publicação...
ResponderEliminarAntes demais, o meu mais sentido apreço, por ter descrito como e passo a citar "Nunca tinha assistido a uma cerimónia militar e acho que consigo resumi-la numa palavra só: emocionante! O momento em que toda uma praça fardada e medalhada canta solenemente o Hino de Portugal, o "JURO" dito em coro pelos recrutas no Juramento de Bandeira, o ritmo da marcha e o eco do bater dos pés no chão... e, obviamente, o momento em que se ouve o nome do meu pai e lhe é colocada uma medalha ao peito - que vale o que vale, mas que é um reconhecimento..."
Posso através destas palavras que lhe deixo, a "minha forma" forma de ver as "coisas":
Quem jura solenemente perante Ela (a Pátria), não se acha um serviçal embeiçado por tamanha nobreza ou linhagem. Mas sim pela Honra e Glória que o sangue pode vir a derramar, por uma justiça sem fim, por um olhar fraterno e eterno que nos esmorece. Quem dá tudo, que um olhar de meras palavras levadas pelo vento da Esperança, se torna num esplendor que nos faz delirar por aquilo que acreditamos e lutamos...Saudade desse quente bradar as armas. Saudades (também) do Sentido, que precedido do Firme , que se espera pelo À Vontade, numa saudação que a Continência basta para louvar de um dever cumprido. Pessoas com arte de saber combater pelos ditames do Estandarte Nacional, sabem que o equilíbrio da racionalidade se avizinha pelo seu coração de uma bravura que o espírito de sacrifício, faz a sua principal arma. Arma essa, independentemente, da sua cor que enverga pelo seu uniforme lustroso, eleve o garbo de Portugal sempre nos ditames Esplendor e Magnificência que enaltecidos, podem ser levados por um espírito de corpo que o brio não se esconde e orgulha-se de ser Luso. Guerras várias, hastearam o que nós somos (e/ou fomos). Os Militares, podem ser também denominados de Guerreiros, que independentemente do seu sentido literal, mas no sentido que a guerra é o seu oficio de a proteger de ventos e marés que nem Deus julga ameaçar, mas também ousa abençoar, mas que nós não nos esmoreceremos e confiamos sempre na humildade. por isso gritamos em plenos pulmões, NÓS SOMOS PORTUGAL!!!
É o que me "invade" pelos meus 8 anos de serviço efectivo e depois respectiva cessação... o que lhe posso resumir é que é um sentimento de dever cumprido,(perdoe-me a expressão) de "vestir a capa de herói" ao serviços dos outros, e não julgarmos que Altruísmo é palavrão!
O reconhecimento que o seu Pai teve, é isso mesmo e "Vale SEMPRE o que Vale" e continue a orgulhar-se dele, pois quem luta e jura morrer por outros... Vale tudo!!!
Obrigada pelo seu comentário tão sentido.
EliminarSe calhar não me fiz entender quando disse que a medalha "vale o que vale" - aqui refiro-me apenas ao seu valor como objecto, como "coisa". O seu valor moral e sentimental é imensurável e foi com um grande orgulho que a vi ser atribuida ao meu pai.
Um grande bem-haja!
Parabéns ao Sr. Florêncio. Creio ser motivo de orgulho para ti e família. Que bom que ele seja lembrado e condecorado por motivos patrióticos. (considere que triste seria se os motivos fossem vergonhosos). Eu cresci vendo as fotos de meu pai servindo o Exército Brasileiro, ouvindo suas histórias e enaltecimentos à disciplina e valores que, hoje em dia, os jovens consideram discutíveis. Uma coisa é certa, sempre me vêm lágrimas aos olhos ao assistir uma parada acompanhada de uma banda a executar uma marcha. É tocante. Que bom que fizeste este post. Bjinho.
ResponderEliminarBom dia, desde já os meus sinceros parabéns pelo seu resumo nesta cerimónia. A Força do mesmo reside precisamente na simplicidade com que o Relata.
ResponderEliminarTomei a liberdade de o Partilhar na página publica UEP no Facebook do qual sou administrador.
Muitos parabéns, a si e ao Sr. seu Pai, que é para todos nós um motivo de orgulho. Bem Hajam.
* Um povo que não respeite o seu passado, não deve almejar grande futuro.
Não hesite em Visitar-nos em: https://www.facebook.com/Unidades-do-Ex%C3%A9rcito-Portugu%C3%AAs-508106539247384/
O dia do jutamento será um dia que não esquecerei.
ResponderEliminar"JURO!"
Muitos parabéns pelo seu pai e pelo brilhante post e fotos. Como militar de carreira, alegra me muito ver que ainda existes pessoas como você que nos dão valor.
ResponderEliminarParabéns, tal como o teu, o meu pai também cumpriu os 27 meses do serviço militar em Moçambique, de 71 a 74. Devemos sentir-nos orgulhosas deles e ouvir as histórias que têm para nos contar, porque daqui a alguns anos já não estarão cá e nunca as saberemos. Eu coloquei algumas em livro, que imprimi e guardo na estante lá de casa, outras partilhei-as com a jornalista Catarina Gomes no livro "Pai, tiveste medo?" e assim fica para as gerações futuras o que foi a guerra do ultramar contada por quem a viveu.
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