Ver uma orquestra ao vivo tem qualquer coisa de fascinante. É, na realidade, mágico!
Observo o maestro e fico indecisa sobre em que cena me focar: se naquela em que Merlin, no filme A Espada era a Lei, com simples mas intricados gestos das mãos arruma a casa e a enfia dentro de uma mala ou se num teatro de marionetas em que os fios que as movem parecem ser uma extensão dos dedos do artista que as articula. Talvez me fique pela primeira, já que a varinha de Merlin faz com que todos os objectos se movimentem num harmonioso e delicado bailado.
E foi na expectativa deste espectáculo que ontem estive no Teatro das Figuras a assistir à estreia do maestro Martim Sousa Tavares à frente da Orquestra Clássica do Sul. Desde que, há meses, esta chegada foi anunciada que espero por este dia, por isso, no momento em que a data foi publicada tratei, imediatamente, da aquisição dos bilhetes. Ainda bem que o fiz, pois a sala esgotou!
Uma sala cheia para ver um nome sonante.
Um apelido de peso, sem dúvida! Pai, mãe e a inesquecível avó - que todos trazemos um pouco cá dentro - Sophia de Mello Breyner Andresen ❤️ A primeira vez que ouvi falar deste rapaz foi em 2011, pela boca da própria mãe - Laurinda Alves -, de uma forma discreta e com um brilho nos olhos, em conversas de ocasião, num escritório no Príncipe Real. Desde então, mais ou menos, tenho acompanhado o seu percurso pelos media e pelas redes sociais em que se move. É uma delícia ouvir as teclas do piano rendidas ao seu talento.
Ontem não o vi ao piano. Observei-o, de costas, a fazer magia e a lançar feitiços com os quais deixou, no fim, uma plateia de pé.
Confesso que pouco ou nada percebo de música, mas aos meus ouvidos pouco educados tudo me soou perfeito. Se para que uma orquestra seja boa é apenas necessário que se goste do que toca, então esta está muito além do que o superlativo de boa possa significar. Atrevo-me a dizer que foi magnifico. Memorável, até.
Vi e ouvi o concerto muda e de olhos postos de onde vinha o som. As cordas de um lado e de outro, o sopro mais atrás e a percussão quase escondida. De que gostei mais? É impossível destacar um elemento.
Não tenho dúvidas de que a sala cheia a um domingo à tarde se deveu ao peso do nome a comandar a orquestra, contudo o espectáculo não teria sido o mesmo sem aquele conjunto de músicos que encheram o palco - e se é grande aquele palco!!! Nem há um mês estive lá em cima, também, e conheço-o nas pontas dos pés.
E se não fosse a orquestra? Bem, tenho a certeza de que o maestro também teria dado espectáculo, pois é uma multifacetado, com uma cultura geral dantesca e com um sentido de humor desconcertante.
Martim, numa próxima oportunidade levo tarte de queijo e ficamos todos na conversa. Que tal?
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