Aproveitei a minha irmã ter vindo passar o fim-de-semana à "santa terrinha" para a convencer a ir experimentar uma aula de ballet. Ela
foi e agora quem está tramada sou eu, pois a "moeda de troca" é eu ir
fazer uma aula de jujitsu no dojo que ela frequenta, mas modalidades à parte se jujitso tem muito de pancadaria (com classe, treino e
muito trabalho mental), o ballet também não é "para meninas", pois o
rigor, a disciplina e a dor também fazem parte da rotina.
De qualquer modo, o meu post não assenta na discussão de que desporto é mais fácil, mais difícil, mais ou menos doloroso, mais ou menos benéfico... A questão aqui é outra e tem a ver com superação, aceitação e auto-estima.
De qualquer modo, o meu post não assenta na discussão de que desporto é mais fácil, mais difícil, mais ou menos doloroso, mais ou menos benéfico... A questão aqui é outra e tem a ver com superação, aceitação e auto-estima.
Depois do aquecimento, eu passei à barra e a mana passou às fotos - as mesmas que ilustram este post. Não foi difícil deixar-me fotografar, até porque quase não dei pelos cliques da camera, contudo já não posso dizer o mesmo no que respeita a ver-me nas fotografias.
Pode não parecer, mas mesmo num estúdio de ballet, onde uma das paredes
está coberta com um espelho, é fácil fugir do nosso reflexo: basta olhar
para o todo e não nos focarmos nas partes, ou então focarmo-nos apenas
nas partes pouco "problemáticas" - e "problemáticas" no meu caso são as
pernas, as coxas, as ancas e o rabo, que apesar da diminuição drástica
de peso me continuam a parecer gigantes! Depois há a questão do equipamento de ballet que não passa por uns jeans onde as pernas ficam bem acomodadas e protegidas e uma blusa mais ou menos larga que disfarça o pneu. As formas do corpo, apesar de cobertas ficam muito mais expostas ao olhar e ao julgamento - não dos outros que esse é o que menos me incomoda, mas ao meu olhar de auto-crítica - em particular quando se substitui as leggings pretas por umas collants rosa claro e a t-shirt por um maillot (ainda não tive coragem, mas o dia há-de chegar!)
Já em casa foi hora de olhar para as fotos e garanto-vos que se foi um desafio olhar para algumas destas imagens, maior foi o aceitar o que nelas se vê - ou pelo menos que EU vejo. Do mesmo modo que está a ser desafiante partilhá-las aqui, pois exponho a quem quiser ver o tal lado que me causa transtorno - e não importa que digam que eu estou errada, pois só depende de mim ver de outra forma.
Todo este processo que começou há quase um ano tem sido, essencialmente, de superação interior e é diário, mesmo! A diminuição dos números na balança, os elogios, as palavras simpáticas e os piropos é apenas uma parte - na realidade a mais fácil de vencer. Trocar a roupa mais larga por peças mais justas também me tem dado um prazer imenso, levar um ou dois números abaixo para o provador enche-me de orgulho. Sentir a tolha de banho enrolada no corpo sem que nada fique de fora ou atar com um laço completo, em vez de um nó pequenino, as tiras do avental à volta da cintura também me arrancam sorrisos.
A parte difícil chega com o deixar escorregar a toalha pelo corpo abaixo em frente ao espelho, o olhar a dimensão e flacidez das coxas e espreitar a imensidão da parte traseira. Fico com um nó na garganta. Aconteceu isto mesmo com algumas destas fotos. A primeira sensação que tive quando as vi foi: está tudo na mesma, nada mudou! E senti vergonha. E frustração. Foi com esforço que "liguei o botão da superação" para me convencer do contrário - de que não está tudo na mesma, de que estou bem melhor, mais leve e mais bonita. Acima de tudo, e apesar desta rampa repleta de obstáculos mais mentais do que físicos, sei que um dia destes vou olhar para estas mesmas fotos e vou gostar do que ali vejo.
Quem não passa por isto não faz ideia do que estou a falar...
Um dos próximos desafios é encontrar o sinal de "stop" e manter o equilibrio, pois é aí que reside o sucesso de estar bem. Até lá - e para sempre - um dia de cada vez!
Nota de edição:
Dados os comentários recebidos concluo que me expressei mal. Eu não me sinto, de todo, mal como que alcancei até agora. Eu sabia, de antemão, que a flacidez seria algo com que teria de lidar, pois a recuperação de um corpo de 40 não é igual ao de um de 20. Falo na primeira pessoa pois é o exemplo que posso dar - de modo algum poderei escrever da pessoa X ou Y, pois aparentemente poderão parecer iguais, mas dentro de si cada um é que sabe...
A mensagem que pretendo transmitir é a de que um processo como o meu é demorado, nem sempre é perfeito e de que desistir não está sequer no horizonte. O "medo" do ridículo nem o preconceito da idade também nem sequer me passam pela cabeça, e a prova disso é que "com esta idade" estou a encarar umas pontas nos pés, que já estão a deixar marcas menos simpáticas, nódoas negras nos joelhos dos ensaios e em Julho, se tudo correr bem, lá estarei em cima do palco do Teatro Lethes com direito a tutu branco e tudo!!!
E não servindo eu de exemplo a quem quer que seja, que sirva ao menos de motivação para quem está naquela fase do "será que vale a pena?" - é obvio que vale!!!!
Nota de edição:
Dados os comentários recebidos concluo que me expressei mal. Eu não me sinto, de todo, mal como que alcancei até agora. Eu sabia, de antemão, que a flacidez seria algo com que teria de lidar, pois a recuperação de um corpo de 40 não é igual ao de um de 20. Falo na primeira pessoa pois é o exemplo que posso dar - de modo algum poderei escrever da pessoa X ou Y, pois aparentemente poderão parecer iguais, mas dentro de si cada um é que sabe...
A mensagem que pretendo transmitir é a de que um processo como o meu é demorado, nem sempre é perfeito e de que desistir não está sequer no horizonte. O "medo" do ridículo nem o preconceito da idade também nem sequer me passam pela cabeça, e a prova disso é que "com esta idade" estou a encarar umas pontas nos pés, que já estão a deixar marcas menos simpáticas, nódoas negras nos joelhos dos ensaios e em Julho, se tudo correr bem, lá estarei em cima do palco do Teatro Lethes com direito a tutu branco e tudo!!!
E não servindo eu de exemplo a quem quer que seja, que sirva ao menos de motivação para quem está naquela fase do "será que vale a pena?" - é obvio que vale!!!!