Li há pouco na
NIT que se celebra hoje o Dia Mundial da (luta contra a) Obesidade. Não sabia, mas tocou-me o assunto.
Quem me acompanha aqui - e na vida - tem testemunhado a caminhada que tenho feito ao longo do último ano e (quase) meio nesta luta diária contra o excesso de peso e, se por um lado não tenho pudor em falar do assunto porque se eu consegui qualquer outra pessoa consegue, por outro mexe com as minhas entranhas - aquelas que me acompanham desde sempre.
Sempre fui gordinha, cheinha, redondinha, anafadinha e uma série de inhas que possam imaginar e, se houve alturas em que vivia bem com isso, outras houve que me causava dor:
"Tens tal e qual o corpo da tua avó!" - mas quem é a miúda com 9 ou 10 anos que quer ter o corpo da avó?
"Tens o rabo muito grande para esses calções." - e o que eu gostava deles...eram verdes e permitiam que andasse pelo campo sem me preocupar com o mostrar a roupa interior.
"Gordura é formosura." - o caraças (desculpem-me o vocabulário...) é que é!
"Os gordinhos são mais felizes!" - a sério? Nunca fui infeliz, é verdade, mas quantas vezes uma gargalhada não serviu para esconder a tristeza por alguma piadola relativa ao meu peso? Não me venham com histórias de que os gordos são mais felizes - continuo a não acreditar (muito) nisso. Admito que há excepções, é verdade, mas são isso: excepções. Os sorrisos, as gargalhadas e a dita felicidade escondem tantas vezes dramas sem fim...
E o que gozavam comigo no 5º ano quando, no caminho do colégio para casa, a pasta que usava a tiracolo balançava (quase voava!) por me bater no rabo? Levei anoooooos sem conseguir usar uma mala a tiracolo!
E mais: o drama de não encontrar roupa de que gostasse e servisse. Lembro-me de em miúda a roupa ter de ser sempre um ou dois números acima da minha idade, ou de entrar em lojas e de tudo o que gostava nada me servia. Há uns anos entrei na
Quebra Mar e pedi para ver uma camisa, t-shirt, polo...já nem sei - não cheguei a ver nada, porque a gentil colaboradora da loja me disse imediatamente que não faziam o meu tamanho. Virei costas e tive de encolher as lágrimas.
Por esta altura já estarão a perguntar: "Porque é que só agora resolveste mudar, Margarida?" - Acho que nem eu sei a resposta. Algum gatilho disparou no meu cérebro que activou a força de vontade e desde Maio de 2015 que um dos meus lemas é "Insiste. Persiste. Não desiste." É verdade que ainda tenho alguns assuntos a resolver com o espelho - e comigo. É verdade que vou ter de aceitar não conseguir usar botas - #illneverhaveskinnylegs - isto para não falar das bolas que tenho coladas às ancas! É verdade que, na minha cabeça nunca terei o corpo que desejaria ter - mas isso é um drama do feminino em geral, certo? É verdade que gostava (e vou!) perder mais dois ou três quilos, apesar de já ter chegado àquele estado em que se me descuidar os números da balança sobem e por muito que feche a boca eles não descem.
Se antigamente me pesava pelo "saiómetro" ou pelo "calçómetro" e fugia da balança a sete pés, hoje tenho a balança debaixo da cama e peso-me quase todos os dias - sim, eu sei que não devia..., mas foi a forma que encontrei para controlar o que ponho na boca. Também faço, regularmente o
cálculo do meu IMC e, dependendo do resultado ou torço o nariz ou sorrio de felicidade - ando ali numa dança de avança e recua que só eu sei...
Tem sido um processo de crescimento e aprendizagem sem igual: aprendi a gostar de exercício físico (uma das minhas maiores vitórias! e para quem disser que
ballet não é exercício, convido-vos a fazer uma aula) - e ando na meca de outra actividade, pois só o ballet já não é suficiente: preciso de mais! -, aprendi a lidar com piropos (dos bons! sem ter um macaquinho na cabeça a dizer "vai gozar com outra" ou sem ripostar com sete pedras na boca), aprendi a lidar com o toque (sem o complexo de "ai as minhas banhas - os pneus não foram todos, mas aprendi a relativizá-los).
E sabem uma coisa? Se eu consegui, qualquer pessoa saudável também consegue! E vale a pena! E é tão boa esta sensação de vitória...
Para terminar, os números que tanta curiosidade têm causado e que eu tenho guardado a sete chaves:
Outubro de 2016: 60kg
Idade: 42 anos
Altura: 1,56m
IMC:24,65 (no limite do "Peso Normal")
Se só agora aqui chegaram e quiserem saber mais sobre esta longa história podem ler mais
aqui. também
aqui, e
aqui, e finalmente
aqui.