quarta-feira, 17 de setembro de 2025

10 anos de #amormaior

Como assim? Como é que já passaram dez anos?

Na realidade, a primeira vez que pisei o chão do Atelier do Movimento foi em 2014, porém só lá fiquei durante duas semanas. Segundo registos que tenho dessa altura, tive de desistir por falta de tempo. Agora, olho para trás e penso: "Falta de tempo?" - tendo em consideração a carga horária que tenho agora e a que tinha na altura, não sei de onde me veio a ideia de falta de tempo.

Ir para o ballet foi das decisões mais felizes dos últimos... DEZ anos!

É a realização de um sonho que apenas existia nos livros, nos meus poemas e nas lojas de Covent Garden.

Ainda assim, vi-me obrigada a fazer umas pausas: a pandemia, com as suas intermináveis aulas online, e uma anemia que me deixou completamente de rastos.

Com isto falhei duas coreografias: Romeu e Julieta - que ainda gostava de aprender -, e a Mazurca que, dado o seu esquema matemático, não me parece que alguma vez a vá memorizar.

Descobri que, não só este sonho de menina é um #amormaior, como o palco é onde me sinto em casa. A exposição que me dá é, em simultâneo, um escudo protector - penso que isto é algo que apenas se sente, não se consegue explicar de uma forma lógica, pois é altamente subjectivo. Há dias ouvi uma atriz teatro dizer precisamente isto e achei piada, pois nunca tinha escutado nada parecido e achava que a minha cabeça era, no mínimo, estranha. 

Ali, entre tules e tiaras, sou verdadeiramente feliz. Não o sou o tempo inteiro, até porque "frustração" é o meu apelido do meio quando começamos a ensaiar as coreografias. Amuo. Encosto-me à parede e fico à espera que passe - eu sei que passa... Porém, passo sempre pela fase do "não sou capaz" e depois lá vem a Professora Célia com doses extra de paciência e truques de inteligência emocional e lá me consegue convencer do contrário.

Nestes dez anos, se não contar com as duas coreografias que falhei, já participei em:

O Lago dos CisnesGiselleDom Quixote, La Bayadére, Ballet Royal, Le Corsaire

Todas as peças guardam memórias. E tão boas... 

O Lago dos Cisnes foi o primeiro. Houve o factor surpresa. A excitação do tutu, das pontas, do subir ao palco.

Giselle talvez seja o de que menos gostei. Ai aquela coisa dos espectros é muito sem sal, embora seja lindíssimo.

Dom Quixote continua a ser, de longe, o meu favorito. Aquela imponência de nuestros hermanos, o queixo elevado, o leque, ... não consigo explicar.

La Bayadére é um jogo de equilíbrio e de espelho maravilhoso...

Ballet Imperial foi muito difícil. Chorei. Pensei em desistir. Confesso que os tutus azuis não me convenceram totalmente.


Le Corsaire foi ainda mais difícil!!! No auge dos ensaios eu estava no auge da pós graduação - nem me quero lembrar!!!

O Atelier não é só uma sala com barras e espelho e chão amigo das sapatilhas. 

O Atelier é um espaço onde várias idades se encontram, onde nascem amizades, onde se partilha - por vezes - a nossa intimidade, onde não há lugar para o pudor, onde se diz asneiras, onde - também por vezes - se bate o pé, onde se ri, onde se é feliz. 

O Atelier é mais do que o ballet! - e tenho a certeza de que não encontraria tudo isto em mais nenhum lugar. 

OBRIGADA a este grupo maravilhoso, que se vai renovando mas que nunca deixa esquecer por quem cá passa. OBRIGADA, Célia por fazer do meu sonho de menina, a realidade de velha manca e rabugenta ahahahah

Por ora estou "de férias" e apenas regresso em Outubro, pois Setembro é o mês dos reinícios, do organizar a agenda, de ganhar fôlego para o ano lectivo. Ao contrário de 2014 em que desisti porque não tinha tempo, hoje em dia obrigo-me a fazer tempo para o ballet, pois é o meu momento, o meu espaço, a minha sanidade. Inclusivamente, no ano passado, na azáfama de estar leccionar em duas frentes, dar explicações em casa e a Pós-graduação, nunca deixei de ir ao ballet, pois se tivesse que desistir de alguma coisa não seria da dança que me faz tão bem.

BTW: Tenho de recuperar a tshirt do meu superpower e fazer uma actualização.

sábado, 13 de setembro de 2025

O que diria a Margarida de 90 à Margarida de 51?

Há mais de um ano que não venho aqui e a ideia com que fico é que a cada tentativa de trazer vida a este espaço, de imediato o deixo ao abandono. Assim, não prometo ficar mas também não quero pensar que o Pano p'ra Mangas vai cair, novamente, na nuvem do esquecimento.

Em dia de aniversário e com este filho que já não me cabe no colo, pois está prestes "a sair da universidade" resolvi ter uma conversa séria com o Chatgpt e pedir-lhe uns conselhos de "pessoa mais velha".

Sim, faço 51 anos, porém nada me impede de me imaginar com 90. Quer dizer...pedi ao Chatgpt que me imaginasse com essa bonita idade e me desse uns conselhos enquanto autora deste blog. Confesso que a resposta me deixou, até, emocionada. Querem saber o que me disse? 

Aqui está! Ctrl C + Crtl V

Se eu fosse a tua versão com 90 anos, que conselho te dava hoje, aos 51?

"Margarida, filha, aos 90 aprendi que o tempo é um tecido fininho - rende quando o cortas com intenção. Então, para este teu novo ano:

  1. Protege o teu palco
    Mantém no calendário o que te dá chão: dar aulas, escrever (mesmo que só meia página), e ballet. Não deixes que as urgências comam os ensaios do corpo e da cabeça pois são a tua fonte.

  2. Volta ao gesto pequeno, regularmente
    Um bolo simples, umas aguarelas, um bordado de 15 minutos. O blog sempre floresceu dos pequenos gestos - é daí que voltas a ti quando o mundo faz barulho.

  3. Escreve como quem põe fermento
    Textos curtos, de respiração larga. O teu público cresceu contigo e não precisa de perfeição; precisa de voz. (Recorda 2005: começaste com o que tinhas.)

  4. Cuida do corpo que te carrega
    Sono, sol no rosto, alongamentos de barra e caminhadas leves. O futuro agradece aos 90: joelhos agradecidos e coluna sorridente. O ballet chegou “tarde” e foi amor - preserva-o.

  5. Escolhe as tuas feiras
    Diz mais “não” para dizeres “sim” ao trabalho que importa. A ambição serena que escreveste continua certa: sem atropelar ninguém, podes querer mais - mas não tudo ao mesmo tempo.

  6. Documenta a alegria doméstica
    Receitas que ficam, rituais de chá, livros sublinhados, ramos do teu limoeiro - continua a colecionar as coisas boas e simples. É daí que vem a tua estética.

  7. Quando doer, fala
    As palavras salvam. Escrever sobre a dor (mesmo que seja só para ti) é ponte, não peso. E pede ajuda cedo: coragem é ato repetido, já o provaste.

  8. Celebra (e publica) datas que são tuas
    O blog fez-se de marcos - volta a marcar os teus: aniversários, recomeços, pequenas vitórias. A comunidade gosta de crescer contigo.

  9. Mantém a curiosidade onde quer que estejas
    Se a cidade é pequena, amplia o olhar: livrarias, mercados, cafés, o padrão das pedras - ainda há mundo nos detalhes.

  10. Dança devagar
    Ao longo do ano, escolhe um projeto amoroso e lento: um caderno de aguarelas, uma série de posts-carta, um mini-livro de receitas com histórias. O importante é a constância macia."

O que vos parece? Palavras "sábias" e bonitas. Se não soubesse que tinham sido escritas por uma entidade sem vida, quase diria que têm alma - algo que a escrita artificial dificilmente - ou talvez não - tenha.
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