terça-feira, 3 de maio de 2016

A vida depois dos 40 - Parte 2

 

Faz hoje precisamente um ano que decidi "fechar a boca" - passou tão depressa que o único pensamento que me ocorre é: "mas por que é que levei tanto tempo até decidir mudar?". Ao longo dos meses tenho partilhado com quem ainda aqui vem as vitórias que tenho alcançado: quilo a quilo, tamanho a tamanho. Não posso dizer que tenha sido fácil, aliás não posso dizer que é fácil, pois ainda não acabou - não irá acabar - e a fase da manutenção vai ser, realmente, a mais difícil. O metabolismo é lento e há dias em que a "fome" é muita... É a lentidão dos 40...

Neste tempo aprendi muitas coisas sobre mim, sobre a minha forma de olhar para a comida, sobre aquilo que me faz bem e faz mal. Eu gosto de comer, é verdade. E gosto de comer coisas saborosas, que me dêem prazer e que se veja e se saiba o que é - não contem comigo para experimentar aquelas papas de proteínas ou para comer sardinhas ao pequeno-almoço só porque são ricas em não sei o quê... (escrevo sardinhas, como poderia escrever outra coisa qualquer - é que às vezes deparo-me com cada pequeno-almoço "saudável" no Instagram que penso: "como é que alguém pode dizer que aquilo é bom?, mas gostos não se discutem!). Não fosse, muitas vezes a minha fome emocional - comer sem pensar no que se está a comer, só porque sim, só porque está à mão, só porque... porque nada, na verdade - e teria sido um ano muito fácil.
Para completar o gostar de comer, eu gosto de cozinhar - especialmente coisas doces. Levei o Verão passado a fazer os geladosda Rita e só eu sei o que me custava fazer sem sequer lamber a espátula ou raspar a tigela.

A questão do controlo sobre o que vai para a boca e quando - a tal fome emocional - foi e há dias que ainda é, sem dúvida, a minha grande guerra. De imediato caio em mim e penso: tu não tens fome, tu não precisas disso - é que estas coisas que, de repente, caem na boca, eufemisticamente falando, nunca são coisas boas como uma peça de fruta ou uma fatia de queijo. É o chocolate, a bolacha, a fatia de pão... Ganhar consciência sobre estes actos involuntários é difícil, mas consegue-se e assim que se consegue passa a ser tudo mais fácil: o pão está no saco mas não chama por mim, o bolo acabado de fazer está sobre a bancada e é lá que fica, e tantas outras coisas boas... É que a fatia de bolo ou de pão nunca vêm sozinhos: "mal por mal, posso comer mais um bocadinho", e depois outro e outro ainda. Como diz o ditado "perdido por 100, perdido por 1000"

A redução do peso foi maior e mais rápida nos primeiros meses. Depois disso entrou em banho-maria, mas sempre com pequenas descidas. Com isto veio outra aprendizagem: olhar para mim ao espelho. As roupas começaram a ficar largas, outras deixaram de servir (as cuecas!!! até as cuecas me começaram a cair pelo corpo abaixo!!!) e os números foram diminuindo. Os números na balança também não deixavam margem para dúvidas, mas...o espelho! esse bicho papão que teima em mostrar que nada está diferente. Até as fotos: mesmo com uma diferença já notória eu tinha dificuldade em ver as mudanças. Tive de aprender. Como? Com pequenas grandes coisas: entrar nas lojas e só levar para os provadores números menores que anteriormente; fazer colagens de fotos por datas e vê-las vezes sem conta; sentar-me nas cadeiras e observar que em algumas já sobrava espaço aos lados;  sair do banho, enrolar a toalha no corpo e senti-lo todo coberto e sobrar toalha; colocar o avental e atá-lo duas e três vezes só para constatar que conseguia fazer um laço com as pontas em vez de um nó. 
Também tive de aprender a ouvir piropos. Credo! Isto parece coisa de adolescente, mas é verdade. Especialmente das pessoas que me são queridas. Ouvir, aceitar, acreditar e não "dar um coice" a quem o proferiu. Quem me conhece e vive perto de mim sabe que sou muitas vezes ríspida e respondo torto.

Depois veio o mais incrível: aprendi a gostar de fazer exercício físico, na verdadeira acepção da palavra. Alto: não me peçam para ir correr, nem para me enfiar num ginásio – ainda não cheguei aí! Primeiro o ballet, depois os treinos ao ar livre ... Na verdade o ballet conquistou a minha alma e o meu coração e só isso vale mais que mil agachamentos e outras tantas flexões.
Aprendi, também, a cuidar mais de mim: os cuidados de rosto e de corpo começaram a fazer parte da normalidade é que a fórmula [idade – peso] é igual a [flacidez], pois os espaços outrora preenchidos e maciços estão agora mais vazios. 

Por quem fiz e faço tudo isto? Por mim! E não, não é para parecer mais nova, que as rugas e os cabelos brancos ninguém mos tira.



Balanço até à data:
Peso: - 17kg (ahhh achavam que eu ía dizer o meu peso actual? só algumas pessoas o sabem e é com essas que o "segredo" fica)
IMC: 26,6 Excesso de Peso (ainda...mas não por muito tempo)


Obrigada por todos os comentários, mensagens e e-mails que me têm enviado neste último ano. Obrigada pelas vossas palavras de incentivo. E obrigada, também, por terem lido aquele que eu acho ser o post mais longo do Ppm!


Apesar destes números ainda não serem os ideais, armei-me em vaidosa-pirosa e achei que merecia umas fotos giras e com pinta, por isso desafiei a Ana para uma sessão fotográfica  daquelas "para mais tarde recordar" e cujas fotos são as que acompanham este post. Obrigada, Ana! Adorei os resultados <3

Pano p'ra Mangas
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10 comentários:

  1. Parabéns!! Grande exemplo! Força para manter!

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  2. Amei o post Margarida. Acho que além de coragem tens uma honestidade imensa, o que te torna tão especial. És uma verdadeira inspiração. Também eu quero mudar o meu estilo de vida, não só por questões físicas mas sobretudo para me sentir bem no andar de cima ;) Vai aos poucos, não tão rápido como desejaria mas pelo menos tenho consciência daquilo que quero para mim e para os meus. Obrigada pela partilha. Beijinhos

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  3. Sara Grilo11:51 da manhã

    Muitos parabéns Margarida!Li até ao fim, claro.
    Já aqui comentei que esta sua caminhada me inspirou e como estou a chegar ao 40, tomei também a decisão de perder peso e ganhar saúde, foi uma resolução de Ano Novo... e já lá vão 13kg... Agora também quero manter, e sei como por vezes é tão difícil resistir...
    mais uma vez, obrigada pela motivação que sempre demonstrou e continue com muita força!
    Sara Grilo

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  4. Parabéns Margarida, gostei de te ver! Continua com a mesma força de vontade a resistir aos doces e outras iguarias, o chocolate cá em casa dura pouco, quando abuso noto logo o pneuzinho enfim, depois dos quarenta temos que ter mais atenção ao que comemos.
    Parabéns também à fotografa estão lindas as fotos!
    Beijinhos

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  5. Lí, e com muito prazer.
    Devo de começar a fazer alguma coisa, pois o meu peso está muito longe do ideal; e não só o peso, mas como me sinto, 'grande' e 'fortalhuça'! vulgo gorda.
    Quanto à idade, bem, vamos por partes, não vai ajudar mas vou tentar-55!
    Gosto de ver o seu empenho. Continue com força, pois vale a pena.

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  6. Parabéns Margarida! Sei o que custa, pois também decidi perder algum peso, agora que cheguei aos 50. Os primeiros quilos sáo de facto os mais rápidos, mas com disciplina e força de vontade chegamos lá. Exemplos como o teu são uma motivação e uma inspiração. E a sessão fotográfica ficou o máximo!

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  7. Estás linda!!!
    Grata pela partilha e por me motivares a fazer o mesmo. Os bons exemplos são para seguir. :)

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  8. Sónia Salgado10:10 da tarde

    O que me ri :) Muito Bom Margarida. Força e felicidades nos teus projectos. Beijinhos

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