Parte da magia de ser criança é poder viver num mundo de fantasia sem se ser julgado, e se os adultos puderem dar um empurrãozinho, então é perfeito! Uma das melhores recordações de infância que tenho é o telefonema diário que a minha mãe fazia do emprego e, mesmo longe, conseguia descrever exactamente o que eu tinha vestido. À minha pergunta repetida "Como é que sabes?", a resposta era sempre a mesma "O meu telefone tem uma televisão!" (agora isso até seria possível, mas estamos a falar de 1977...)
E é levada por estas brincadeiras, que sempre que posso também as repito :-)
Nos dias que antecederam o Natal, a "nossa" menina, viu debaixo da árvore um caixote enorme, e para evitar muitas perguntas, dissemos-lhe que aquele presente era meu. Na antevéspera, depois de mais um dia connosco, fui levá-la a casa e consegui colocar no carro, sem que ela visse, todos os seus presentes, entre os quais o tal caixote. Quando lhos entreguei, não o reconheceu como sendo o mesmo, mas disse-me: "Olha, Margarida, um presente igual ao teu!". Sorri-lhe e só lhe respondi que sim, que era um caixote igual.
Depois do Natal ela voltou para a nossa casa e a primeira coisa que quis saber, foi o que continha o meu presente igual ao dela. Disse-lhe a primeira coisa que me veio à cabeça: " O meu caixote estava cheio de sonhos!" Não estranhou. O rosto ficou iluminado com um sorriso de felicidade porque o meu presente era, afinal, tão bom como o dela. :-)
The magic of being a child is that they can live in a fantasy world without being questioned or judged, and if there's an adult behing to help, than it becomes perfect! One of the sweetest memories from my childhood is the daily phonecaall my mother used to make from work and she would describe exactly what I was wearing. I was fascinated by it and I always asked her how did she know, to what she would always reply:"My phone has a television in it!"(This can easily happen today, but we are talking about 1977...)
And inspired by these I do the same whenever I can :-)
A few days before Christmas, "our" little girl saw a huge pack under the Christmas tree and to avoid further questions we told her that that present was for me. On Christmas eve, when I took her home I manage to put all her presents - among them there was "the box" - in my car without being seen. She was thrille and wasn't the least suspicious about it as she said: "Oh Margarida this box is just like yours!". I smilled and said yes to her.
After Christmas when she returned to us, the first thing she wanted to know was what was in my box. I told her the first thing that caame up to my mind: "My box was full of dreams!" She didn't find it awkward. Her face lighted up and she smiled at me happier than a little bird and found that my present was as good as hers :-)