Foi há quase um mês que realizei um sonho de menina que, até há poucos meses, nem eu sabia bem onde o tinha guardado...
Quem me acompanha aqui no blog está a par desta aventura que tem sido o ballet. Quando comecei as aulas em Outubro estava longe de imaginar no que isto iria dar: participação no espectáculo de final de ano do Atelier do Movimento.
A informação foi chegando aos poucos, assim de mansinho para não assustar ninguém, mas foi caindo certeira e em momentos chave. Primeiro surgiram uns passos fora do habitual e com ar de coreografia, depois veio a bomba de que era mesmo uma coreografia a ser apresentada no Teatro Lethes. Em Fevereiro, o workshop de pontas - cisne que é cisne, por muito ganso desengonçado que seja, tem de dançar em pontas. A novidade seguinte foi a que provocou mais excitação: teríamos de vestir um tutu!!! E por fim, a tiara de penas. Pelo meio a coreografia foi sendo apurada: "só mais uma vez!" - nunca é só mais uma vez... - até que ficou pronta.
A sala esgotou num ápice o que teve um peso ainda maior. Até os lugares, normalmente reservados às entidades, tiveram de ser vendidos. Conseguem imaginar?
A excitação e o sonho superaram as dores, as cãimbras e as bolhas nos pés. Superaram também o cansaço de uns meses complicados. Superaram o medo: o medo de cair, o medo do ridículo, o medo de me enganar, o medo do que poderiam dizer. Superaram tudo!
Levei um mês a comer bananas como um macaco e a tomar magnésio não fossem as pernas atraiçoar-me. Levei um mês a fazer mais aulas que o habitual para conseguir fazer o melhor possível. Levei um mês a ter cuidado redobrado com os pés: unhas bem cortadas, hidratação ao máximo...
Chegou o dia, que começou bem cedo com os preparativos: o cabelo, a maquilhagem, o tutu, um derradeiro ensaio e a eterna espera que chegasse a nossa vez. Quando pisei o palco, completamente escuro, e ocupei o meu lugar pensei: "Estou feita! Agora já não posso fugir!" O pano abriu, a música começou e foram os dois minutos e quarenta segundos mais rápidos de que tenho memória. Foi tão, tão, mas tão emocionante. Passou depressa demais...
Ainda hoje me questiono sobre quem cometeu a maior loucura: nós - e digo "nós", porque somos 17 mulheres adultas - que embarcámos nesta aventura ou a professora que teve a coragem de nos colocar em palco. Independentemente disso, aquilo que guardo na memória não cabe em nada que possa escrever, fotografar, desenhar...
Créditos das imagens do espectáculo (no post e no IG):
Familia e amigas - mas já não sei quem fotografou o quê!