domingo, 26 de março de 2017

Oriana: um citrino com nome de fada


"Há duas espécies de fadas: as fadas boas e as fadas más. As fadas boas fazem coisas boas e as fadas más fazem coisas más. (...) Quando as fadas boas vêem uma árvore morta, com os ramos secos e sem folhas, tocam-lhes com a sua varinha de condão e no mesmo instante a árvore cobre-se de folhas, de flores, de frutos e de pássaros a cantar. (...) Era uma vez uma fada chamada Oriana. Era uma fada boa e era  muito bonita." (Sophia de Mello Breyner em A Fada Oriana)

Este podia ser um post sobre fadas e lugares de encantar, mas não é. É "apenas" um post sobre um lugar de encantar que faz chegar a casa de cada um de nós pequenas fadas bonitas em forma de árvore com fruto. 

A história da Citrina não é de agora, embora o nome tenha surgido apenas em 2015. A história da desta empresa começou, na realidade em 1970 quando um casal de ingleses se mudou para o Algarve onde encontrou o seu lugar de encantar e começou a dar forma a um sonho - o de plantar um pomar de citrinos para produção e venda de frutas em Portugal.

Como eu os compreendo! Um dos lugares de encantar da minha infância era o laranjal do meu avô de onde saíam as laranjas, clementinas, tangerinas e tantas outras, mais doces que alguma vez comi - e por muitos citrinos que tenha comido após a extinção do mesmo, nenhum bate  - nem em sabor, nem em suculência - aqueles que o meu avô e o meu pai produziam.

Durante anos o core business desta empresa foi produzir árvores que, depois de transplantadas, ganhariam raízes pelos pomares do nosso país, mas uma nova visão sobre o negócio fez com que estas "ficassem mais pequenas" - qual Alice no País das Maravilhas - e passassem a ser ornamentais. A sua beleza e qualidades conquistaram o mercado internacional, passando a ser comercializadas não só e Portugal, como também por essa Europa fora. Contudo... quem as quisesse adquirir teria de ir a um horto ou revendedor. Há dois anos essa barreira foi ultrapassada: nasceu a Citrina e as plantas  (que além de decorativas, produzem frutos comestíveis) podem ser adquiridas directamente ao viveiro.

Pois, isto é tudo muito bonito, mas..."Estando eu em Lisboa, no Porto ou em Londres como é que a minha árvore me chega intacta?" E a resposta é: chega! Foi tudo pensado ao pormenor: a forma como estas pequenas árvores nos chegam às mãos é extraordinária. Não acreditam? Ora vejam.


As pequenas árvores vêm tão bem embaladas que podem percorrer o mundo de avião, carroça ou de bicicleta que se torna quase impossível chegarem ao destino danificadas. A embalagem tem, ainda, a avantagem de ser totalmente reciclável.

Fiz um video para vos mostrar todos estes detalhes mas o youtube resolveu não cooperar e, depois de horas a fazer o upload das filmagens não estou a conseguir dar conta da edição 😞vou continuar a tentar e assim que conseguir partilho-o no fb.

Próximos passos: cuidar muito bem da minha Oriana (espero conseguir o estatuto de fada boa), seguir todas as instruções que me foram dadas, fazer com que os frutos amadurençam e que nasçam mais e experimentar as receitas disponibilizadas no site (nessa altura farei um daqueles posts com a hashtag #afingirquesouumblogdeculinária)


Obrigada, Citrina por este presente tão querido que me levou não só à infância, mas também a um dos meus contos preferidos.

Espero um dia destes fazer-vos uma visita, mas primeiro vou deixar que a loucura da abertura do IKEA passe, para depois me fazer à estrada, pois ou muito me engano ou durante as próximas semanas as vias de acesso ao gigante da decoração irão estar entupidas.

Pano p'ra Mangas
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segunda-feira, 20 de março de 2017

Favourite places: Casa Mãe, em Lagos

Há lugares que me apaixonam, 
Há lugares que me fazem perder a noção de tempo e até de me esquecer onde estou. 
Há lugares que se me colam à alma, ainda que não fique por lá muito tempo.
Há lugares onde se vai, onde apetece voltar ou, até, de onde não apetece sair.

E não falo de edifícios, pedra, betão, ferro... falo de edifícios que respiram e transpiram tudo aquilo que me é querido: o céu azul (mesmo em dias de chuva), a tradição, a modernidade, o bom gosto, o espírito de fazer melhor a cada dia que passa, os sorrisos nos rostos e nos olhares de quem está e a vontade de abraçar o mundo com tudo o que se tem de melhor. Foi isto que senti ao entrar na Casa Mãe.



Encontrei-a, não há muito tempo, através do Instagram - num daqueles momentos em que seguimos links atrás de links e que de repente nos leva a uma foto que... "eh lá! onde é que é isto?" A resposta é Lagos! Para mim não é propriamente ao virar da esquina, mas também não é assim tão longe que me impeça de lá ir. Assim foi. O dia de ontem esteve maravilhoso e ideal para fazer uma visita à Casa Mãe.

Fui recebida com a maior simpatia, pelo Pedro que me pos completamente à vontade para fotografar o espaço. Andei pela loja - soberbamente recheada de objectos lindos made in Portugal e daí passei ao restaurante com uma cozinha em open space - que é de cair para o lado - , rodeada por um balcão onde é possível ver alguns dos condimentos, ervas e preserves (desculpem-me, mas falta-me a palavra adequada em português...) usados no que ali é cozinhado.


No páteo, um conjunto de mesas de mármore e cadeiras de ferro decoram o espaço e, qual não é o meu espanto, quando olho para cima e vejo o alçado tardoz coberto em paineis de reixa - literalmente ía caindo para o lado, pois sou uma apaixonada por esta característica arquitectónica já tão rara no meu Sul. Nesta zona o chão é de tijolo de burro feito segundo a tradição em Santa Catarina da Fonte do Bispo.


Mais tarde andei a passear pelo jardim, pela horta e, foi por pouco que não entrei na verdadeira Casa Mãe, um edifício senhorial completamente recuperado e que dá nome a esta unidade hoteleira de charme. Na realidade chamar-lhe unidade hoteleira é um pouco redutor, pois é muito mais do que isso - o que se vive ali é toda uma experiência de vida e para a vida. Espreitei pelas vidraças e pude ver o maravilhoso pavimento em mosaico hidráulico - do verdadeiro, feito pelo Mestre Zagalo.


Já de regresso, estive a conversar com a Veronique, uma das proprietárias do espaço, que se enamorou pelo nosso país depois de alguns anos a viver em Londres, por sinal num dos meus bairros preferidos e onde ía com frequência. Eu não sabia quem ela era, mas aproximei-me e perguntei - mais uma vez comprovo que me é muito mais fácil iniciar uma conversa com uma pessoa desconhecida numa língua que não é a minha (começo a acreditar que numa outra vida fui inglesa...). Ficou a promessa de lá voltar com mais tempo.

Faltou-me "a lata" para pedir para ver e fotografar um dos quartos...quem sabe numa próxima oportunidade. Por este motivo, as três imagens que se seguem são cortesia da Casa Mãe.


Toda a história que levou à Casa Mãe e dos que dela fazem parte está reunida num livro/revista que pode ser comprado no local, em vários pontos do país e do planeta e também online. Distraidamente acabei por não adquirir nenhum exemplar, pois fiquei com vontade de ler tudo e não só folheá-lo e reter algumas palavras e nomes soltos.

Certamente este é um espaço com história que renasceu  para fazer história!


As fotos são muitas e para que não se zanguem comigo que este post leva muito tempo a carregar, juntei-as num vídeo que podem ver aqui,

Nota: este não é um post patrocinado.

Pano p'ra Mangas
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quarta-feira, 15 de março de 2017

MALAPATA: E se te saísse o Euromilhões?


O que farias se te saísse o Euromilhões? Não sei. Na verdade não sei, se bem que esta pergunta me leva à adolescência quando fazia planos para quando ganhasse o Totoloto. Lembranças e presságios à parte este é o mote para o primeiro filme produzido e realizado por Diogo Morgado e que estará nos cinemas a partir de amanhã.

A ante-estreia decorreu ontem, em Faro no Teatro das Figuras. Porquê em Faro? Certezas não tenho, mas tenho uns quantos palpites: o filme foi rodado cá! ...e é tão bonita esta cidade! As vistas aéreas, as ruas por onde passo todos os dias e que me são tão familiares, a Ria Formosa - é uma sensação gira, esta de a ver no grande ecrã pelos olhos de outras pessoas. Além da cidade há outros espaços que me são muito familiares: o Hotel Faro, que é quase uma segunda casa, e o Teatro Lethes, o meu primeiro palco.

Malapata é uma comédia com momentos de levar às lágrimas de tanto riso (atrás de mim houve uma senhora que não parou de rir enquanto o filme durou...)  O elenco é de luxo e a equipa atrás das câmaras não lhe fica atrás. É impossível sair do cinema sem um sorriso rasgado no rosto.

Acompanhei (quase) de perto as rodagens e estive presente em alguns momentos. Sabem o que me fica na memória e no coração? É que estas "vedetas", de vedetas não têm nada. São pessoas como nós: que dão o duro, que fazem o seu melhor, que riem e que choram, que também ouvem "nãos", que têm de ultrapassar obstáculos para atingir os seus objectivos, que têm de lidar com as luzes da ribalta e pagam o preço da fama, o que nem sempre é agradável. Esqueçam lá as "notícias", nem sempre afortunadas, da imprensa cor-de rosa, as exigências das águas da marca XPTO ou os lençóis vindos do outro lado do planeta - isso não faz parte deste grupo de Pessoas. Sim, Pessoas com letra maiúscula.

Ontem, no final, e não sendo eu dada a estas coisas não resisti a umas fotos com as estrelas: Diogo Morgado, Pedro Morgado (sim o Diogo tem um irmão e que tem todo o mérito para ser tratado pelo nome e não apenas como "o irmão do Diogo Morgado), Luciana Abreu, Rui Unas, entre outros - obrigada pela vossa simpatia. Fiquei com pena de não termos tido a presença de Marco Horácio e de Luis de Matos - ainda tive esperança que houvesse uma sessão de magia no final 😊

Imagem daqui: Cinemundo.pt

E não é que no dia desta ante-estreia, aqui em Faro, os 80 milhões do Euromilhões também sairam a um apostador que registou o boletim cá? Coincidência, ou não, foi um acontecimento feliz! Parabéns ao felizardo.

Só para terminar: não tenho bilhetes para oferecer, nem estou a ser patrocinada para escrever este post, mas quero convidar-vos a assistir ao filme. Não só será um incentivo à produção nacional, como vos garanto uma hora e meia de boa disposição. A partir de amanhã num cinema perto de vós, porque MALAPATA é não ir ver este filme!

Imagem daqui: Cinemundo

Pano p'ra Mangas
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domingo, 12 de março de 2017

Um tutu romântico para os ensaios


Um tutu de ensaio? Sim! Um tutu de ensaio! Na realidade  mais uma pinderiquice que não é totalmente necessária, para quem faz ballet apenas porque sim - isso é coisa de quem quer seguir carreira, o que não é, de todo, o meu caso. 
Há umas semanas, na aula, falou-se da hipótese de encomendar uns, mas eu comecei a fazer contas e achei que para o efeito não necessitava de uma peça "tão cara" e que podia experimentar a fazer um. 


Não é tão bonito, nem está tão perfeito como eu gostaria. Parecia fácil, parecia, mas coser elástico tem muito que se lhe diga! Isto para não falar no cortar de uma peça de tule com três metros de largura - primeiro tive de prender todo o perímetro para que as camadas de tule não se escapassem e só depois o cortei. A partir daqui foi "só" coser  - "só" porque nem consigo contar as vezes que a linha se partiu... - e montar a saia.


No final experimentei-o, andei a brincar com ele, a ver se tinha roda suficiente para erguer uma perna a 90 graus (por enquanto é o que consigo fazer sem cair). Não me vi ao espelho, mas ao olhar para baixo fiquei na dúvida se estaria parecida com um suspiro gigante, se com um clássico bolo de noiva ou se um dom rodrigo embrulhado em papel prateado. Quando o levar para a aula, saberei, sendo que é quase certo que terei de lhe tirar altura.


E agora? Agora que venham os ensaios, que opróximo espectáculo já está agendado para o início de Julho no Teatro Lethes.

Pano p'ra Mangas
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quinta-feira, 9 de março de 2017

As voltas que a vida dá


Tenho uma amiga que, de cada vez que me está comigo, me diz: " De cada vez que te encontro a tua vida já deu uma volta!", e esta é um bocadinho a realidade dos meus últimos seis anos. Depois de uma década de marasmo - com tudo o que de bom me trouxe, pois aprendi imenso e vivi experiências que, de outro modo, não teria tido a oportunidade, quase tudo começou a mudar.

Só para resumir:
em 1998 terminei a minha licenciatura, e supostamente esperava-me um futuro (mais ou menos) brilhante como professora
em 2001 comecei a trabalhar como secretária 
em 2012 fui para Londres
em 2013 regressei à base e os Social Media começaram a tomar conta da minha vida

Isto a nível profissional, porque lá pelo meio há aqueles projectos pessoais como um a mudança de hábitos alimentares e a minha luta constante com o excesso de peso, o deixar crescer o cabelo para doar, o ter começado o ballet... enfim! Ah, quase me esquecia que também dei início a um sonho, que por enquanto teve de ser guardado em prol de outros - é que eu sou, sem sombra de dúvida, uma verdadeira professional day dreamer.

2016 foi um ano estranho, morno, com algumas conquistas mas, nem sei porquê nada que me tivesse realmente preenchido (com excepção do ballet). Já 2017 começou bem, muito bem. Tem sido desafio atrás de desafio, de tal forma que mal tenho tido tempo para parar, descansar e preparar-me para o seguinte - um verdadeiro reboliço. Acho que vou conseguir alguma quietude lá para meados de Junho, mas já não digo nada! Depois de ter enfrentado uma plateia de trezentas pessoas - eu sei, fui só moderadora de um debate, mas não estou habituada a ter luzes em cima de mim, ontem tive a oportunidade de "pisar o palco" para ser eu a falar.


Mas o que é que tem ela para dizer? - estarão a perguntar. Pelos vistos mais do que aquilo que - até  - eu própria tinha consciência. Estive a fazer uma palestra sobre o meu percurso académico e profissional, como blogger e como isso me levou aos social media. Para mim, este tem sido um caminho natural, em que tudo se tem vindo a encaixar aos poucos - cada coisa no seu lugar, cada coisa a seu tempo, sem pressas e da melhor forma que sei.

Preparei-me. Fiz cábulas e até uma apresentação em Power Point (confesso: a primeira que fiz em toda a minha vida! e para a qual tive de pedir umas dicas à minha irmã...). Ensaiei "ao espelho", que é como quem diz "falei para as paredes"  - porque nem espelho à frente tinha. E depois disto tudo, vesti o meu melhor sorriso e lá fui eu.

Às tantas dei por mim a dizer coisas que não tinha no meu guião, outras que não tinha ensaiado - até porque nestes momentos eu gosto do factor improviso, pois sou incapaz de decorar o que quer que seja - acreditam que adoro poesia e não sei um único poema de cor?
Se correu bem? Parece-me que sim! Falei de vários assuntos, mas de tudo o que se passou gostava apenas de partilhar convosco uns "conselhos" que dei àqueles jovens ainda universitários:

- Nunca deixem que vos chamem de "desenrascados" - pode ser engraçado uma vez, mas isso cola-se à pele e uma vez desenrascados para sempre desenrascados sem que vos seja dado o devido valor;
- Não deixem que se refiram àquilo que fazem com recurso a diminutivos: coisinhas, relatóriozinhos, apresentaçõezinhas - quem leu Os Maias sabe exactamente do que falo!
- Sejam curiosos, façam coisas diferentes, não tenham medo de experimentar, de testar;
- Se for preciso peçam ajuda - o não é garantido, mas de onde menos se espera acaba por vir um sim;
e por último
- Façam, cresçam, persigam sonhos e concretizem-nos mas nunca percam a humildade, nunca se esqueçam do vosso ponto de partida, pois é lá que residem os vossos valores e é lá - aos valores - que têm  voltar de cada vez que a vida vos der uma lição.

Para recordação fica a selfie que tirei no final e ilustra este post.
E agora? Agora que venha o próximo! Já não tenho medo das luzes.
Obrigada a quem lá esteve. Obrigada, também a quem leu este testamento até ao final.

Pano p'ra Mangas
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