quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Dia Mundial da Obesidade


Li há pouco na NIT que se celebra hoje o Dia Mundial da (luta contra a) Obesidade. Não sabia, mas tocou-me o assunto.

Quem me acompanha aqui - e na vida - tem testemunhado a caminhada que tenho feito ao longo do último ano e  (quase) meio nesta luta diária contra o excesso de peso e, se por um lado não tenho pudor em falar do assunto porque se eu consegui qualquer outra pessoa consegue, por outro mexe com as minhas entranhas - aquelas que me acompanham desde sempre.
Sempre fui gordinha, cheinha, redondinha, anafadinha e uma série de inhas que possam imaginar e, se houve alturas em que vivia bem com isso, outras houve que me causava dor:

"Tens tal e qual o corpo da tua avó!" - mas quem é a miúda com 9 ou 10 anos que quer ter o corpo da avó? 
"Tens o rabo muito grande para esses calções." - e o que eu gostava deles...eram verdes e permitiam que andasse pelo campo sem me preocupar com o mostrar a roupa interior.
"Gordura é formosura." - o caraças (desculpem-me o vocabulário...) é que é!
"Os gordinhos são mais felizes!" - a sério? Nunca fui infeliz, é verdade, mas quantas vezes uma gargalhada não serviu para esconder a tristeza por alguma piadola relativa ao meu peso? Não me venham com histórias de que os gordos são mais felizes - continuo a não acreditar (muito) nisso. Admito que há excepções, é verdade, mas são isso: excepções. Os sorrisos, as gargalhadas e a dita felicidade escondem tantas vezes dramas sem fim...
E o que gozavam comigo no 5º ano quando, no caminho do colégio para casa, a pasta que usava a tiracolo balançava (quase voava!) por me bater no rabo? Levei anoooooos sem conseguir usar uma mala a tiracolo!
E mais: o drama de não encontrar roupa de que gostasse e servisse. Lembro-me de em miúda a roupa ter de ser sempre um ou dois números acima da minha idade, ou de entrar em lojas e de tudo o que gostava nada me servia. Há uns anos entrei na Quebra Mar e pedi para ver uma camisa, t-shirt, polo...já nem sei - não cheguei a ver nada, porque a gentil colaboradora da loja me disse imediatamente que não faziam o meu tamanho. Virei costas e tive de encolher as lágrimas.

Por esta altura já estarão a perguntar: "Porque é que só agora resolveste mudar, Margarida?" - Acho que nem eu sei a resposta. Algum gatilho disparou no meu cérebro que activou a força de vontade e desde Maio de 2015 que um dos meus lemas é "Insiste. Persiste. Não desiste." É verdade que ainda tenho alguns assuntos a resolver com o espelho - e comigo. É verdade que vou ter de aceitar não conseguir usar botas - #illneverhaveskinnylegs - isto para não falar das bolas que tenho coladas às ancas! É verdade que, na minha cabeça nunca terei o corpo que desejaria ter - mas isso é um drama do feminino  em geral, certo? É verdade que gostava (e vou!) perder mais dois ou três quilos, apesar de já ter chegado àquele estado em que se me descuidar os números da balança sobem e por muito que feche a boca eles não descem.

Se antigamente me pesava pelo "saiómetro" ou pelo "calçómetro" e fugia da balança a sete pés, hoje tenho a balança debaixo da cama e peso-me quase todos os dias - sim, eu sei que não devia..., mas foi a forma que encontrei para controlar o que ponho na boca. Também faço, regularmente o cálculo do meu IMC e, dependendo do resultado ou torço o nariz ou sorrio de felicidade - ando ali numa dança de avança e recua que só eu sei... 
Tem sido um processo de crescimento e aprendizagem sem igual: aprendi a gostar de exercício físico (uma das minhas maiores vitórias! e para quem disser que ballet não é exercício, convido-vos a fazer uma aula) - e ando na meca de outra actividade, pois só o ballet já não é suficiente: preciso de mais! -, aprendi a lidar com piropos (dos bons! sem ter um macaquinho na cabeça a dizer "vai gozar com outra" ou sem ripostar com sete pedras na boca), aprendi a lidar com o toque (sem o complexo de "ai as minhas banhas - os pneus não foram todos, mas aprendi a relativizá-los).

E sabem uma coisa? Se eu consegui, qualquer pessoa saudável também consegue! E vale a pena! E é tão boa esta sensação de vitória...

Para terminar, os números que tanta curiosidade têm causado e que eu tenho guardado a sete chaves:
Maio de 2015: 78,2kg
Outubro de 2016: 60kg
Idade: 42 anos
Altura: 1,56m
IMC:24,65 (no limite do "Peso Normal")

Se só agora aqui chegaram e quiserem saber mais sobre esta longa história podem ler mais aqui. também aqui, e aqui, e finalmente aqui.

Pano p'ra Mangas
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7 comentários:

  1. Como te compreendo. Não foi algo com que tenha sofrido "sempre" mas engordei bastante nos últimos anos. Agora de há um ano e tal para cá reaprendi a comer e os pequenos triunfos diários da balança são algo que sabe muito bem! Parabéns pela jornada, Margarida, és uma inspiração! ***

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  2. Olá também iniciei essa luta em novembro passado pois tinha ultrapassado todos os limites, a balança marcava três dígitos. Sempre fui redonda e com formas pouco definidas. Piadas,piropos e rir para não chorar à vista de todos, foi uma constante. Hoje ainda um pouco distante dos ideais 57 kg (peso 70 agora)contudo muito mais feliz...Mas é uma luta diária na verdade. Parabéns, é bom olhar no espelho, é bom ir a uma loja e ver que há peças que já nos estão muito largas e temos de pedir um tamanho menor!
    Margarida Jordão

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  3. Estas poderiam ser (quase) na integra palavras minhas. Não me lembro nunca de ter sido magra, em nenhuma fase da minha vida. Lembro de ter estado mais magra, penso que nessa altura com o peso ideal para a minha idade e altura, quando deixei de tomar a pílula para tentar engravidar da minha filha.
    Depois engravidei, e engordei 18 kg, consegui recuar alguns, mas nunca a totalidade.
    "Desculpas"? Várias. O stress, a falta de tempo, o excesso de trabalho...
    Há cerca de 4 anos o alerta foi dado quando a balança marcou o mesmo nº que atingi no final da gravidez. 82. Perdi 15. Durou pouco - voltei a ganhar 12.
    O click não veio com os 40, que nessa altura até achei giro fazer 40 anos, o pior foram os 41. Foi aí que "percebi" que se quero que os anos que se seguem sejam saudáveis, é agora que tenho de agir.
    Do novo recomeço -2. Já só faltam 17.
    Obrigado por também aqui seres uma inspiração.

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  4. Gosto de te ler e por isso mesmo acompanhei essa tua caminhada na conquista de um peso que te fizesse sentir bem. Não te conheço pessoalmente mas consigo perceber a tua perseverança, a tua personalidade forte e decidida quando queres alcançar um objectivo. Conseguiste! E de facto é uma vitória, por uma lista de razões mas, acima de tudo, porque te faz sentir plena ;)

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  5. Fico tão feliz por ti por estares a conseguir, és uma força que nos ajuda (pelo menos a mim) de que com persistência chegámos lá!
    Eu já pesei 71 kg e tenho 1.60m, neste momento 62 kg, quero muito chegar a pelo menos ao 60 kg, ando em mudanças de alimentação para lá chegar e hei-de chegar sim!
    Parabéns pelos teus objectivos alcançados!
    Beijos

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  6. Por aqui gravida pela 3ª vez e já sei o que me espera depois....

    Gosto de a ler!

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  7. Para quem segue o teu blog Margarida, sabe bem o quanto insistes, persiste e não desistes, é isso mesmo.
    Não teria muito a acrescentar ao que disseste é mais que verdade e tu és bem o exemplo da tua persistência , muita força e continua, estás linda!😉
    Beijinho e bom fim de semana.

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