domingo, 18 de outubro de 2015

Papel Oriental




Uma das memórias que tenho de casa da minha avó materna era a permanente existência de uns pequenos cadernos, com páginas amareladas divididas em três, por um picotado, e que ela queimava num cinzeiro de pedra mármore. Cada terço de cada uma daquelas páginas levava algum tempo a ser consumido pelo fogo e deixava no ar um cheiro agradável que ainda hoje recordo.

(É tão engraçado...Enquanto escrevo este texto vêm-me tantas memórias olfactivas daquela casa: além do Papel Oriental, o cheiro a maçãs assadas no forno ou a batatas doces cozidas em tacho de barro, o cheiro floral e doce que saía das pequenas gavetas do seu toucador, o cheiro a alfazema do lenço que trazia sempre na mala ou o cheiro a cera vindo dos soalhos acabados de encerar...)

Mas voltando ao Papel Oriental: quando se acabava, alguém trazia mais, creio que da farmácia. Nesta época ainda não se via à venda os já comuns "pauzinhos de insenso" e aromatizava-se a casa com o que havia...
Foi com tristeza que vi esse produto deixar de ser vendido. Tanto eu, como a minha irmã procurámo-lo durante anos, quer em farmácias mais antigas, drogarias do antigamente e até perfumarias mais tradicionais. Nada! Mesmo nada! Há uns meses encontrei-os à venda no OLX por uma pequena fortuna e há poucas semanas a minha irmã encontrou algo semelhante na Miosotis, em Lisboa.
Obrigada, mana, pelo mimo. Soube-me bem este cheiro a conforto...



Pano p'ra Mangas
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4 comentários:

  1. Hummm..... Boas recordações para um dia de chá e bolos! De casa da minha Avó (e da dos meus Pais, que ainda mantém alguns cheiros - por exemplo hoje entrei lá para almoçar e cheirava a marmelada acabada de fazer.) também tenho recordações do género, que ainda sabem melhor num dia como o de hoje. E é engraçado, nunca tinha ouvido falar de tais papéis!

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  2. É verdade Margarida, já me tinha esquecido que em tempos havia essas folhas com um cheiro muito característico.
    Nunca mais vi isso, mas acredita que vou começar à procurar.
    Beijinho

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  3. Tão bom recordar os cheiros das casas das nossas vidas. Confesso que ao ler a tua publicação fiz uma pequena viagem, não pelos mesmos cheiros mas por outros. A minha avó de quando em vez queimava folhas (verdes) de eucalipto ou então rosmaninho. E esses papelinhos eu desconhecia mas fiquei curiosa por lhes sentir o cheiro!

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  4. Olá Margarida! Em França há nas farmácias praticamente todas. Beijinhos

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