O que é que tenho aprendido disto? Tanta coisa...
Por exemplo sobre a fragilidade humana, e não falo da fragilidade física, mas sim da interior, da que habita a alma e preenche - ou não - o coração:
- a dificuldade em dizer "gosto muito de ti" e a dificuldade ainda maior de ouvir - ou ler - estas mesmas palavras, muitas vezes ditas sem quaisquer segundas intenções, tantas outras vezes recebidas com diferentes interpretações; as consequências? muitas vezes um buraco gigante entre quem diz e quem ouve.
- a dificuldade em pedir ajuda quando é o que mais se precisa naquele momento: ora bolas, até podemos ter um super-herói dentro de nós, mas há momentos em que a capa foi para a lavandaria e não temos o que vestir; e o aceitar ajuda? ui! isso é uma espada espetada no orgulho.
- a dificuldade em chorar - sim, em chorar: de alegria, de tristeza, de medo, ... porquê? porque "os fortes" não choram! continuamos a acreditar nisto, mesmo sabendo que as lágrimas lavam a alma e libertam o espírito
- a dificuldade em dizer que "não": porque parece mal, porque podemos ser julgados, porque ... , porque tanta coisa sem sentido; se é "não", é "não" e ninguém tem de levar a mal.
- a dificuldade em estar só sem sentir a corrusão que é a solidão - sim, é possível estar-se só sem se estar solitário; e quem diz estar só, diz estar acompanhado de gente, de ruído, de movimento que, de tão grande, disfarça e recusa a necessidade de recolhimento.
- a dificuldade em admitir os erros, mas só não erra quem nada faz... e se nada faz, também não tem a oportunidade de fazer o que está certo
- a dificuldade em ouvir; porquê? porque muitas vezes o que ouvimos é reflexo daquilo que sentimos, porque é difícil ouvir o que não queremos ouvir
- a dificuldade em abraçar - entrar na bolha do outro ou deixar que entrem na nossa não é fácil, mas o que custa é a primeira vez; há lá coisa melhor no mundo que o aconchego de um abraço verdadeiro?
Podia continuar quase até ao infinito, mas aí estaria eu a mostrar ainda mais as minhas frafilidades - sim, porque me revejo em quase todas as que escrevi anteriormente. Fica o desafio: todos os dias trabalhar um pouco em nós para deitar por terra tudo aquilo que nos impede de sermos quem somos. É estranho? É! É fácil? Nem por isso! Causa estranhamento? Oh se causa, especialmente nos outros. Vale a pena! Vale, mais que não seja pela aprendizagem que tiramos dos nossos (novos) actos.