A Primavera ao meu lado faz-me acreditar de que tudo isto vai passar.
Se vai ficar tudo bem? Não, não vai. Não são hashtags carregadas de arco-íris que me vão fazer crer nisso. Seria ingenuidade da minha parte ou fuga à realidade. As coisas não se resolvem num estalar de dedos, nem com uma poção mágica, nem com uma borracha que apaga as letras que, a lápis, escrevemos num papel.
É, antes, uma folha de papel amarrotado que, por muito que a estiquemos não voltará a ser nova. Não vamos querer escrever um hino à vida ou uma carta de amor numa folha amarrotada. Teremos de nos erguer e ir na meca de uma nova. Aí, sim, poderemos começar a escrever o futuro.
O depois vai ser duro. Mais para uns do que para outros, como em tudo. E sim, (até) vai ficar ( tudo) bem, mas não já. Não, se ficarmos apenas à espera que passe. Não, se não arregaçarmos as mãos e tivermos a coragem de recomeçar.
Haverá sempre os oportunistas. Haverá sempre os preguiçosos. Haverá sempre os fracos. Haverá sempre os fortes.
Cabe-nos a nós escolher quem somos e o que iremos fazer. Em prol de uma consciência colectiva e não apenas do próprio umbigo. Não poderemos, deste modo, culpar o outro por aquilo que nos aconteceu, acontece ou irá acontecer.
Para já, resta-me esta Primavera de dias cinzentos e papoulas vermelhas.
Pano p'ra Mangas