Desafiaram-me para escrever sobre o AMOR e imediatamente me deu um frio na barriga e fui assaltada por esse monstro que é o medo: "Sobre o AMOR? E agora o que é que eu faço? Logo eu..."
Pensei, escrevi, risquei, voltei a escrever.
Se há uns anos me tivessem colocado este desafio não teria hesitado e, de certeza, me sairia da caneta (sim. da caneta. assuntos sérios passam primeiro pelo papel) um poema melancólico ou exaltado, conforme o meu estado de espírito - é que em tempos eu tive a mania que sabia escrever poesia... - mas agora? O que poderei eu dizer que traga algo de novo ou que ainda não tenha sido dito ou que faça realmente sentido?
Tentei escrever sobre a SAUDADE, a qual só pode nascer do AMOR, pois qualquer coisa que nos deixe de sorriso no olhar e pensamentos perdidos no tempo só pode vir daí.
Tentei escrever sobre a euforia, a vontade de estar com o outro, as borboletas na barriga, a ansiedade nascida de qualquer minuto de espera ou telefonema não atendido, mas isso seria falar de PAIXÃO, e paixão (ainda) não é AMOR.
Tentei escrever sobre os passeios de mãos dadas, das conversas infinitas, dos jantares românticos ou dos primeiros raios de luz sentidos lado a lado, mas também isso não é AMOR - isso faz parte dele. E neste rol de pensamentos fui assolada pela imagem de abraços silenciosos, pela cumplicidade nos gestos, pela vertigem do olho-no-olho, no entanto isso também é uma infinita parte de um sentimento tão nobre como o AMOR.
Tentei escrever sobre as promessas sussurradas, o juntos para sempre (para sempre mesmo e não o "para sempre enquanto durar"), os recados no espelho da casa de banho ou os bilhetes enfiados à socapa num qualquer bolso ou carteira, todavia isso pareceria apenas o guião de um comédia romântica onde já nasceram muitos AMORes que terminam com o acender das luzes, permanecendo no imaginário.
Tentei citar autores famosos, encontrar poemas, expressões ou imagens que transmitissem o que é o AMOR, contudo qualquer uma delas reduzia o sentimento e em conjunto fariam apenas uma bela sopa de letras repleta de palavras bonitas.
Tentei escrever sobre estados melancólicos, momentos de zanga e de tristeza, das incompatibilidades e incertezas, mas quem é que quer ler sobre a face menos brilhante do AMOR?
Tentei, ainda, escrever sobre o AMOR de pais, de filhos, de irmãos e amigos; do AMOR às artes, à natureza e até do AMOR-próprio, mas também aí me senti perdida.
Tentei, em vão, encontrá-lo para lhe perguntar na cara "Afinal, quem és tu?, mas a minha voz ecoou no vazio trazendo de volta apenas a minha pergunta. Varri todas as minhas gavetas e continuei sem resposta. Prometo-vos que não desistirei e no dia em que o encontrar - ou quiçá será ele a tropeçar em mim - tentarei perceber o que é afinal o AMOR e escreverei tudo o que ele me disser.
Belas palavras.
ResponderEliminarBjs
www.trapinhartes.blogspot.com
💙
ResponderEliminarQue post bonito querida Margarida! Adorei.
ResponderEliminarGrande beijinho,
Ana
www.annastyleandliving.com
Um post cheio de Amor :)
ResponderEliminarTentou e conseguiu. Disse. ❤
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