Há umas semanas andei a passear por Lisboa, coisa que não fazia há demasiado tempo...
Quem me acompanha, pelo menos desde os tempos de Londres, sabe que gosto de ir a lugares bonitos - não só pelas fotografias que proporcionam, mas para deleite dos meus olhos e da minha imaginação. E se a estes lugares bonitos aliarmos a simpatia de quem nos atende, então podem encontrar em mim uma pessoa feliz.
Lisboa fervilha de vida em línguas que não a de Camões e o que é estranho para os lisboetas - ainda não habituados falarem naturalmente com eles em inglês -, vive dentro de mim desde sempre, ou não fosse eu natural desta região além-Tejo há muito tomada por povos bárbaros, desde os Mouros aos Vikings... se bem que os mais bárbaros de todos são mesmo os Portugueses que invadem o Algarve durante o mês de Agosto! (arre turista mal educado e prepotente!!!)
E não pensem que não faço o mesmo... quantas vezes não me dirijo eu a pessoas, em Inglês, e no final são tão portugueses quanto eu? Bem, línguas à parte, vamos ao que interessa: lugares bonitos! São tantos, que é impossível incluí-los a todos num roteiro de fim-de-semana, e caso o fizesse, das duas uma: ou não teria feito mais nada que comer e beber e fazer compras ou estaria a ir buscar informação a outros lugares que não à minha vivência.
Ora bem, das compras é sempre possível escapar, mas de um café, um almoço ou um jantar não se pode fugir.
Sou daquelas pessoas que não gosta de tomar café ao balcão. Gosto de me sentar, desfrutar, apreciar quem entra e quem sai, o que vai para cada mesa... Não é propriamente curiosidade. É quase um estudo... Tenho a certeza que não sou a única. E é por isto, que o primeiro lugar onde me sentei, depois de uma longa caminhada pela Graça, foi o Copenhagen Coffee Lab & Bakery em pleno coração da Feira da Ladra.
É um lugar simples, despido de luxos e apenas com o essencial, mas um essencial com pinta! Nas cores - ou ausência delas - nos materiais, no design... Hã? Sem luxos, com pinta e com design? Ah pois é! E com uma variedade de cafés de pães de comer e chorar por mais. Pedi um Flat White com um Cardamom Bun e, dada a hora tardia foi uma espécie de almoço com sabor a sobremesa. Simplesmente delicioso! E bonito!
Ir daqui até à Baixa pode revelar-se um autêntico pesadelo! A quantidade de turistas é tal, que só cortando caminho pelas ruas menos frequentadas nos leva ao destino a horas decentes. E é nestas ruas que se descobrem verdadeiras pérolas, como a Prado Mercearia. Mais um lugar onde a qualidade dos produtos está aliada à beleza do espaço e à simpatia de quem nos atende. Em cima do balcão e num expositor de farinhas diversas vendidas avulso encontro um cheiro do meu Sul: estrelas de figo com amêndoa e xerém (que é como quem di, farinha de milho grossa para fazer as nossas deliciosas papas). Entrei para ver, apenas. Mas quero lá voltar quando estiver no caminho inverso, isto é, numa ida para casa, para fazer umas compras.
E nestas voltas, as horas no relógio vão passando. As dores nos pés também vão aumentando e, não tarda muito apetece sentar mais um pouco. Mas é cedo para jantar... Vou a casa, descanso um pouco e regresso ao Chiado, mesmo a tempo de não ter de esperar na rua por um lugar sentado no Boa-Bao!
A esta hora o contador de passos no meu telemóvel já ultrapassou os 20.000...
Mais um lugar bonito, com um atendimento simpático e onde o primeiro cumprimento chega em inglês. É o hábito dizem-me. Não levo a mal e brinco com a situação - de que serve reclamar? Eles dão o seu melhor!
Não tenho muita fome, mas o apetite abriu-se assim que o menu veio para a mesa e comecei a ver circular pratos para outra mesas... Fiquei-me pelas entradas, pois o apetite foi só dos olhos! Tem tudo tão bom aspecto! E é, na realidade, saboroso, como pude confirmar de seguida. Uma hora depois estava na rua e mal podia acreditar na quantidade de pessoas que, entretanto se tinha acumulado na rua e, alegremente, desfrutava de dois dedos de conversa e uma bebida.
Passear por Lisboa é isto e muito mais. É ver amigos. É, sobretudo, estar com a mana. É revisitar espaços familiares e descobrir outros novos. É passear no anonimato. É adiar cafés com outros amigos e apalavrá-los para próximas visitas. É atravessar o rio só para ir à outra margem e ver a cidade de uma outra perspectiva. É beber civilização!
Eu sei, Faro está a crescer e eu sou a primeira a reconhecê-lo, mas quer queiramos, quer não, esta "civilização" leva cerca de dois anos a cá chegar. Não é só o espaço. É, sobretudo, a resistência das nossas gentes ao que é novo. Eu acredito que isso esteja a mudar, e para melhor!
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