sábado, 30 de abril de 2016

A vida depois dos 40 - Parte 1


Muito se diz por aí que os 40 são os novos 20 ou 30 ... sei lá! Para mim são 40 sem qualquer pudor e quando alguém me pergunta a idade não tenho por hábito revirar os olhos nem guardar segredo de algo que é visível. Quando chegar aos 50 se calhar já não é bem assim, mas agora? Para quê? Há outros assuntos que me causam mais constrangimento do que o ano do meu nascimento, e mesmo esses contam-se pelos dedos de uma mão e ainda ficam dedos de sobra...
Pelos outros não posso falar, mas esta idade - que não são 40 mas quase 42 - trouxe-me coisas que nunca julguei vir a ter  nem a ser, e não estou a falar de dinheiro, nem de sucesso, nem de um amor (é melhor não pegar em nenhum dos três pois, como diz o ditado: "venha o diabo e escolha").
Os "entas" trouxeram-me uma determinação para não desistir dos meus sonhos que não tivera até então, a minha teimosia e obstinação transformaram-se em perserverança, mesmo que a cada caminho que percorra dê de caras com um beco sem saída. Tenho dado muitos tropeções, tenho caído algumas vezes e chorado outras tantas - em silêncio e no escuro, porque olhos inchados ninguém gosta de mostrar - e aprendi que o "não" é garantido, mas que em vez de um "não" posso ouvir muitos "sim". Aprendi, também, que se me atirar de cabeça bato mais facilmente com ela no chão por isso é preferível mergulhar e nadar à medida que o braço permite, parar para respirar e retomar o fôlego.
Os, ainda, 40 trouxeram-me também a vontade, o desejo e a necessidade de cuidar mais de mim: não pelos outros, mas por mim mesma! Tenho sorte de estar rodeada das melhores pessoas que a vida me poderia ter oferecido - família e amigos - que me incentivam, que me apoiam e que também me dizem coisas que eu às vezes não gosto de ouvir. Afinal quem gosta de nós também está lá para puxar as orelhas, certo? Não acho que isto faça de mim uma pessoa egocêntrica, porque mesmo em silêncio mantenho os que me são queridos "debaixo de olho"e os meus braços estão sempre disponíveis para estas pessoas.
Comecei, finalmente, a fazer menos fretes - afinal ninguém me paga por eles e já tenho idade para, de vez em quando, soltar um "não", que dependendo do meu estado anímico pode vir emoldurado num sorriso ou amplificado num rugido ( e ainda decorado com o dedo indicador espetado na frente do outro). 
Regresso à questão inicial: serão os 40 os novos 20 ou 30? Depois desta reflexão, tenho a certeza que não. Eu não voltaria aos 20 nem aos 30. Eu não gostaria de ter a "sabedoria" dos 40 aos 20 ou aos 30. Tudo acontece por uma razão no momento que tem de acontecer, mesmo que não a compreendamos na altura.
Pano p'ra Mangas
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2 comentários:

  1. Identifiquei me nas tuas palavras mas no meu caso sou uma trintona. Quando me perguntam a idade digo 25 na brincadeira e toda a gente acredita. Fico lisonjeada mas sinto me na pele dos 32 anos. Tenho feito o que posso para ser responsável, cumprir os meus deveres, trabalhar para a minha felicidade e dos que me rodeiam. Deixei de me preocupar com parvoíces, de fazer conversa quando não havia nada a dizer, de estar calada quando não era comigo. Vivo numa tranquilidade que nunca tinha vivido e passei a utilizar o tempo de forma mais produtiva.

    Vamos lá ver o que os quarenta me reservam mas primeiro há que viver o presente.

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  2. Viva os 42! Também vou a caminho deles e com muito orgulho! Sinto-me melhor que aos 20 ou aos 30.

    Beijoca grande!

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