domingo, 2 de abril de 2023

Dia Internacional do Livro Infantil

Sou uma privilegiada. Eu e a minha irmã! 

Posso não ter tido as roupas mais fancy ou os brinquedos da moda mas nunca me faltou livros. Muitos. Dezenas. Centenas, se for contar os que estão nas estantes em casa dos meus pais sou capaz de me perder. 

Primeiro, as histórias foram-me lidas e relidas até à exaustão. Depois fui eu quem as leu. Mais tarde li-as à minha irmã e depois disso também ela as leu e releu. 

A maior parte destes livros já não está no mercado e suspeito que alguns - tendo em conta o que está a acontecer - já não seriam permitidos.

Como não me consegui ficar pela escrita deste artigo, fui espreitar uma das estantes que mencionei acima. Pensei que abria as portas, tirava umas fotos, revia umas histórias e me ficava por aqui. Mas não... Tive surpresas agradáveis e outras nem por isso - a humidade entrou aqui, o bicho apareceu e tive de pôr no lixo dois sacos de livros já irrecuperáveis. Que tristeza... 

Felizmente os mais bonitos estão intactos, ou quase. São tão diferentes do que há hoje em dia... Como é que sei? 

Porque continuo a comprar livros infantis, para mim e para oferecer. Há quem me chame a "tia dos livros", há quem me diga "já sabia que me trazias um livro" - como quem diz "já paravas com essa mania de oferecer livros". 

Há livros maravilhosos, porém há uma - ainda pequena - percentagem tão sem graça e tão politicamente correctos que não têm piadinha nenhuma.

Sugiro o seguinte exercício: ainda que mentalmente contem histórias como o Capuchinho Vermelho, a Cinderela, a Branca de Neve ou os Três Porquinhos sem a figura do vilão.
Já está? Como ficaram as histórias? Politicamente correctas? É que nem isso! É necessário a existência de um vilão para que a narrativa tenha sentido, seja engraçada e ensine alguma coisa. Quer queiramos quer não, vivemos numa sociedade em que há "os maus" e "os bons"... 

Todos os dias entram na minha casa e na minha vida dezenas de miúdos e, muitas vezes a conversa vai ter, inevitavelmente, aos livros.

Hábitos de leitura? Apenas dois ou três os têm.
Livros em casa? Pelo espanto com que olham para as minhas estantes e pelo que me dizem não devem ter muitos. Como diz a Georgina "criam muito pó"!!!
Pais que lêem? Também não.
País que lhes tenham contado histórias? Muito poucos...

O que lêem, então? Pouco nada mais do que o que a escola os obriga. Fazer resumos e apresentações? Vão ao Google e nem sequer verificam a veracidade dos factos: se está na net, é porque é verdade! #sqn

Com este panorama, como é que se cria o gosto pela leitura?
Os telemóveis e os jogos são muito mais apelativos. Alguém os iludiu criando a ideia de que aprendem com esses mesmos jogos.

Há ainda aqueles que se julgam escritores e vendem livros que nem para acender a lareira servem. Conhecem o Inspector Engrola? Não perdem nada! Mas se o virem aí por casa, abram-no, folheiem-no e vejam o que alguns dos vossos filhos andam a ler. Este é apenas um exemplo. Deve haver mais do género 

Muitos pais pedem-me milagres. Pedem-me que ponha os filhos a ler, que os faça gostar de ler, entre outros... De brincadeira, digo que milagres acontecem em Fátima e que o meu nome é Margarida. Impor-lhes a leitura apenas tem o efeito contrário.

O gosto pela leitura educa-se, não se ensina. E, como é sabido a educação começa no berço - ou antes. 

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