Boa pergunta, não é? Melhor seria se eu tivesse a resposta 😉Pois é, não tenho a resposta objectiva, mas tenho algumas ideias - que não são minhas, mas sim fruto do que vou lendo e observando por aqui e por aí - as quais colocadas em prática dão, de certeza, bons resultados.
No final do texto falo-vos um pouco da minha experiência, por isso a partir daqui têm duas opções:
1) ou saltam para o final e matam a curiosidade, ou
2) lêem o texto todo e, quiçá têm algum insight
Eu tenho a teoria de que a Pipoca Mais Doce está para a blogosfera portuguesa como o Cristiano Ronaldo está para o futebol: ou se ama, ou se odeia, ganham dinheiro mas também têm contas para pagar, são coerentes naquilo que fazem e sabem bem o que estão a fazer. Verdade ou mentira? E também tenho a teoria que qualquer blogger em início de carreira quer ser uma Pipoca, tal como qualquer miúdo sonha em ser o próximo Cristiano.
Ninguém é insubstituível, como tal um dia destes aparecerá alguém que destronará os reis, pondo fim à sua dinastia e iniciando outra. Querem o trono? Aqui ficam algumas dicas para lá chegar.
Escrever bem, sem erros ("Elementar, meu caro Watson!", diria Sherlock Holmes) e encontrar o seu próprio tom - nem sempre isto é fácil, mas se se escrever numa linguagem que a maioria entenda já é um bom princípio. Para quê fazer uso de vocabulário rebuscado, frases que de tão eruditas se tornam vazias só para se parecer culto? É que entre o "parecer culto" e o "ser-se ridículo" existe apenas uma vírgula de distância. O mesmo se aplica a uma linguagem brejeira e vulgar - não há necessidade! Deixem lá os palavrões para despejar durante os engarrafamentos, ou aquando de uma manobra esperta no meio do trânsito. No que diz respeito aos erros, aconselho a leitura deste post da Elsa Fernandes. E atenção, não confundir erro com gralha - são duas coisas completamente diferentes (quem é que nunca detectou um erro e foi, de imediato, ver a proximidade das letras no teclado para verificar a gravidade do mesmo?)
Ilustrar os textos com imagens (fotografias e/ou ilustrações ou até vídeos) bonitas, adequadas e, de preferência próprias - vejam isto como uma oportunidade de melhorar os vossos dotes fotográficos, de educar o sentido de estética, de arriscar, fazer mal e melhorar. Não têm uma máquina que considerem XPTO? Não faz mal... façam o melhor que puderem com a que tiverem - que o material não seja um pretexto para a inércia. Se não tiverem mesmo jeito nenhum e usem fotografias de outras pessoas, por favor, dêem nome aos fotógrafos, pois as imagens não cairam do céu e alguém mais ou menos especializado teve de trabalhar para as conseguir.
Ser coerente naquilo que se diz - se eu hoje digo que adoro amarelo, amanhã não posso escrever um post a dizer que odeio, certo? Pode não parecer, mas há quem esteja atento a estes detalhes e há - ainda - quem se dê ao trabalho de revirar o histórico dos blogs à procura de falhas destas apenas para apontar o dedo. Podem não acreditar, mas no meio de muita gente boa, ainda há quem não tenha vida própria e passe a pente fino a vida alheia só para falar mal.
Deixar a alma falar e não lavar roupa suja (a não ser que consigam uma parceria com alguma marca de detergente) - independentemente do tema, ou temas, abordados no blog, escrevam com a alma: toda a gente sabe escrever, e se ao início as dificuldades podem ser grandes, com o fluir do tempo o processo torna-se natural e, garanto-vos, serve muitas vezes como catalisador de um dia difícil - é como se todo o mal saísse pelas pontas dos dedos.
Construir uma comunidade - hoje em dia, além das plataformas onde podemos ter um blog, há uma vasta quantidade de redes sociais onde marcar presença, contudo será que vale a pena ter conta aberta em cada uma delas? Há quem diga que sim. Eu acho que não. Alimentar o blog e as redes é um trabalho exaustivo, time consuming,... até porque não basta atirar para o ar posts e "já está!"; é necessário responder a comentários, interagir com os leitores que vão chegando. Temos de estar presentes, não basta enviar o link através de um daqueles sites que fazem postagens automáticas... isso não é criar uma comunidade, isso é o mesmo que pegar num megafone e ir para a rua gritar - correndo o risco de alguém chamar a emergência psiquiátrica. Escolham as que vos façam mais sentido de acordo com o público que querem alcançar e estejam, verdadeiramente, presentes.
Registar os números - esta é a parte mais chata, mas para quem quer ser a full time blogger é essencial 👀, pois as empresas ou agências (ex: Blog Agency, Blogs Portugal, WeCanFly ou a Milenar), que abordarem, ou por quem forem abordados, vão estar de olho nisto: número de seguidores, número de visitas, taxa de crescimento, etc e tal ... é que no fundo o que conta são os números, que é como quem diz, os cifrões! Como diz João César das Neves: "Não há almoços grátis!"
Ter à mão cartões de visita - um cartão bonito pode ser uma porta aberta para um mundo maior e não requer assim um investimento tão grande como tudo isso. Há sites como o moo onde podem criar os cartões a partir de imagens vossas, frases ou o que vos apetecer. Quanto a isto apenas tenho duas recomendações: a) que o cartão seja coerente com o conteúdo do blog e b) escolham um tamanho que caiba facilmente numa carteira standard.
Construir um press kit - construir um quê? Isso mesmo, um press kit, isto é um documento que contenha informações essenciais sobre vós e sobre o vosso blog. Não sabem como fazê-lo? No Pinterest há dezenas, para não dizer centenas, de ideias - mas não as copiem, criem-no à vossa imagem, sejam originais.
Por último, ir à luta neste circo de feras: estabelecer parcerias, contactar as marcas, ser tão bom que se dá nas vistas, chamar a atenção de quem interessa, ouvir muitos nãos e ter sempre esperança no sim. A sorte também se constrói!
At last but not the least:
Quanto é que eu ganho com o blog? Em cifrões? Mais ou menos zero (mais ou menos, porque de cada vez que alguém faz compras na Wook através do meu blog eu acumulo uns cêntimos na minha conta de afiliada e de muitos em muitos meses dou-me ao luxo de encomendar um livro sem ter de o pagar) Em presentes? Contam-se pelos dedos de uma mão os presentes recebidos ao longo dos anos. Em notoriedade? Não faço a mínima ideia. Em reconhecimento? Também não, embora às vezes sinta alguns olhos em cima de mim - e eu acho sempre que tenho alguma peça de roupa pelo avesso ou que está algo errado comigo. E porquê? Porque na realidade nunca me dei ao trabalho e porque gosto de escrever sobre o que me apetece quando me apetece, muitas vezes pelo puro prazer de escrever - também o faço em papel! Por outro lado o blog levou-me a outros mundos, deu-me a conhecer pessoas que hoje fazem parte do meu restrito grupo de amigos e tenho a certeza que ainda colherei daqui muitos e bons frutos - nem tudo na vida se traduz numa conta bancária recheada.
Aiiiii Margarida, concordo a mil contigo! Eu vim para a blogosfera com 15 (??) anos e na altura tudo o que cria com o blog era um sitio para me descobrir, assumir e aprender. Mas a verdade é que os anos passaram, os blogs mudaram, e hoje em dia o meu blog é uma das minhas formas de respirar. E não há dinheiro que pague o ar que respiramos, pois não? Obrigada por este excelente post!
ResponderEliminarNão há mesmo, Mariana! Um beijinho e boa semana.
EliminarSabes, eu gostava de ter alguns ganhos com o meu blog de forma a poder cobrir, nem que fosse uma pequena parte, dos gastos que tenho com os materiais que uso. Bom, é verdade que de longe a longe lá vejo uma das minhas mantas ser vendida, e sempre através do blog. Mas a pergunta que abre a tua publicação é aquela que tanta gente quer ver respondida. E de facto, o mais certo que um blog nos pode dar a ganhar é o enorme prazer de termos um canto no mundo onde podemos partilhar os nossos devaneios que, de certa forma, são sonhos que temos. Se isso nos é retribuído em cifrões, bom, essa é outra longa e árdua caminhada, e com a forte possibilidade de nunca se materializar, ou sim, mas o certo é que pelo caminho existem outros "ganhos" que nos enchem de vontade de continuar a andar sem nunca hesitar. Acaba por ser, como diz a Mariana Nunes, uma forma de respirar, e enquanto isto nos der oxigénio, siga!
ResponderEliminarE Margarida, obrigada pelas excelentes dicas ;)
Nunca pensei ganhar dinheiro com o blog, escrevo porque adoro registar os momentos com os meus filhos por exemplo. Acho muito chato quando vou a lista de leitura e aparecem não sei quantos blogs a falar do mesmo... seca total, nem abro. Gosto de gente genuína que escreve com o coração.
ResponderEliminarOlá Margarida :)
ResponderEliminarE obrigada pelo post, muito interessante .
O meu blog tenrinho foi mais uma maneira que arranjei de poder ser um pouco mais feliz ,mais livre e aprender/ conhecer outras coisas .
As amizades que já fiz valem a pena estes 5 anos na blogosfera.
Quanto a ganhos monetários, por agora não vou por ai, pois mais obrigações na minha vida não são bem vindas .
Mais uma vez obrigada pela tua honestidade .
Bjs e saudades do Algarve
Lulu
Muito obrigada por este post! É sempre bom ver alguém dar um pouco de si, partilhar o seu conhecimento. Na génese de criar o meu primeiro blog esteve o meu gosto por escrever, manter diários e também porque queria retratar as peripécias da minha nova vida de Mãe. Era também uma forma de ter algo meu, um espaço onde ninguém interferia, para o qual não precisava de horários e sem compromissos. Com o tempo também serviu para pessoas muito próximas, mas geograficamente longe poderem acompanhar as peripécias dos meus filhotes. Depois chegou um momento em que queria diversificar os temas e passei para o meu segundo e blog actual. É mais algo que me preenche, assim como outras actividades da minha vida. Se houve um tempo em que pensei que poderia vir a ser uma blogger com “rendimento”, por mais baixo que fosse, depressa assentei os pés na terra e continuei fiel aos meus princípios de base. Até porque não tinha tempo para dar o devido salto e conseguir ter a necessária dedicação. Concordo com a Xica Maria quanto à generalização dos temas em muitos dos Blogs que se “profissionalizaram” tornando os seus conteúdos menos genuíno e os passeios na blogosfera menos interessantes. Também tive muita pena de ver muitas bloggers desistirem nos últimos anos porque não conseguiam gerir a sua entrega aos blogs e todas as restantes solicitações da vida. Muitas dedicaram-se somente ao Instagrama... A imagem é muito importante, mas sinto saudade das palavras...
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