quarta-feira, 26 de abril de 2017

Favourite places: Casa Modesta


Ontem estive, finalmente, na Casa Modesta. O Workshop de Folares foi a desculpa - como se necessitasse de alguma - para lá ir. Há meses que queria conhecer este espaço, mas ainda não se tinha proporcionado - ou melhor: eu ainda não me tinha proporcionado a visita! Por vezes, quanto mais próximos são os lugares, mais tempo levamos a conhecê-los: "Ah, é já ali. Qualquer dia vou lá:" - e o "qualquer dia" nunca chega, até que acontece algo que nos empurra para lá. Depois, ficamos com a sensação de "não me quero ir embora!".

Agora, que me perdoem os mais gulosos, mas hoje ainda não vou contar como foi o workshop! Também não vou falar dos prémios - muito merecidos - que a Casa Modesta tem recebido ou das menções na imprensa internacional, prefiro sim, partilhar a experiência que é esta mais que casa e que faz jus ao nome de família que lhe foi atribuído.

A Casa Modesta é daqueles lugares que só existe na imaginação de quem conhece o Algarve dos turistas, ou então daqueles que aqui viveram antes das" invasões bárbaras". Não é o meu caso, por isso quando comecei a ouvir falar deste espaço e a ver imagens do mesmo acreditei piamente que fosse verdade e que não fosse apenas uma miragem ou obra da engenharia e design nformático. A Casa Modesta existe mesmo! É palpável e, para rimar posso classificá-la, igualmente, como adorável.


A casa em si é um edifício com história - com a história da família que lhe dá o nome: gente de trabalho, de sorriso rasgado e palavra fácil, gente que nos recebe e que nos faz sentir como se estivéssemos em casa, gente afável com velhotas de avental asseado e onde uma delas carrega o nome de uma das minhas avós - a sério? como é que não me havia de sentir em familia? E tudo isto dá ainda mais charme a uma casa que por si só é mesmo muito charmosa.

(Nesta última foto, uma forma tradicional de abrir ameijoas a que se dá o nome de "vila de ameijoas")

A Casa Modesta está dividida em dois edífícios e tem, no total 9 unidades de alojamento.

Houve um cuidado enorme na escolha dos materiais desde o pavimento, às mesas de cabeceira e aos próprios candeeiros. A harmonia entre os elementos é perfeita. Amei as torneiras  e os duches dourados nas casas de banho, que dão um toque de charme inigualável. Muito provavelmente se as tivesse visto num ambiente de mármores, granitos e espelhos as teria achado horrorosas, mas ali são como que a cereja no topo do bolo. Num dos edifícios, cada quarto tem um terraço próprio com espreguiçadeiras para banhos de sol e almofadões que convidam à preguiça.

E a paisagem? A Ria Formosa ali bem perto, separada do Oceano Atlântico apenas por uma língua de areia - o paraíso!


Nas traseiras está a casa do forno. Ali coze-se o pão - e os folares... - e, pelo que percebi, é o centro nevrálgico da casa, pois há sempre gente a circular ou que ali se reúne para conversar, trocar histórias e experiências ou apenas para beber algo. É também ali que está guardado um maravilhoso segredo: a antiga cisterna deu lugar a uma fresca garrafeira que reúne todas as condições necessárias para manter uma boa colecção de nectares.


No segundo edifício está a sala de refeições: uma mesa corrida enche a sala e sobre os bancos desencontram-se almofadas feitas de retalhos, também elas com história, pois foram feitas a partir de tecidos que existiam na casa original - cortinados, lençóis, ... Partilhar a mesa, como se faz em casa - sabe tão bem e aprende-se tanto...


O conceito de slow living é imperativo, por isso se vem com ideias de estar aqui à pressa, o melhor é escolher outro destino. Todo o espaço e envolvência convidam a colocar um travão no bulício do nosso dia-a dia e a desfrutar do silêncio, do cantar dos pássaros, dos sabores da terra e da calmaria de um Sul já quase inexistente.

Parabéns. Parabéns, por terem tido esta ideia e por terem tido a ousadia de a por de pé. E obrigada pelo carinho com que me - nos - receberam.



Pano p'ra Mangas
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2 comentários:

  1. Obrigado Margarida, pela maravilhosa descrição da Casa Modesta. BJS

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    1. Roubando as palavras a Agustina Bessa Luís quando,se referia ao Porto, posso dizer que a Casa Modesta "não é um lugar, é um sentimento!".
      Bjs

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