segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

THE CONDUCTOR


Ver uma orquestra ao vivo tem qualquer coisa de fascinante. É, na realidade, mágico! 

Observo o maestro e fico indecisa sobre em que cena me focar: se naquela em que Merlin, no filme  A Espada era a Lei, com simples mas intricados gestos das mãos arruma a casa e a enfia dentro de uma mala ou se num teatro de marionetas em que os fios que as movem parecem ser uma extensão dos dedos do artista que as articula. Talvez me fique pela primeira, já que a varinha de Merlin faz com que todos os objectos se movimentem num harmonioso e delicado bailado.

E foi na expectativa deste espectáculo que ontem estive no Teatro das Figuras a assistir à estreia do maestro Martim Sousa Tavares à frente da Orquestra Clássica do Sul. Desde que, há meses, esta chegada foi anunciada que espero por este dia, por isso, no momento em que a data foi publicada tratei, imediatamente, da aquisição dos bilhetes. Ainda bem que o fiz, pois a sala esgotou! 

Uma sala cheia para ver um nome sonante. 

Um apelido de peso, sem dúvida! Pai, mãe e a inesquecível avó - que todos trazemos um pouco cá dentro - Sophia de Mello Breyner Andresen ❤️ A primeira vez que ouvi falar deste rapaz foi em 2011, pela boca da própria mãe - Laurinda Alves -, de uma forma discreta e com um brilho nos olhos, em conversas de ocasião, num escritório no Príncipe Real. Desde então, mais ou menos, tenho acompanhado o seu percurso pelos media e pelas redes sociais em que se move. É uma delícia ouvir as teclas do piano rendidas ao seu talento.


Ontem não o vi ao piano. Observei-o, de costas, a fazer magia e a lançar feitiços com os quais deixou, no fim, uma plateia de pé.

Confesso que pouco ou nada percebo de música, mas aos meus ouvidos pouco educados tudo me soou perfeito. Se para que uma orquestra seja boa é apenas necessário que se goste do que toca, então esta está muito além do que o superlativo de boa possa significar. Atrevo-me a dizer que foi magnifico. Memorável, até.

Vi e ouvi o concerto muda e de olhos postos de onde vinha o som. As cordas de um lado e de outro, o sopro mais atrás e a percussão quase escondida. De que gostei mais? É impossível destacar um elemento.

Não tenho dúvidas de que a sala cheia a um domingo à tarde se deveu ao peso do nome a comandar a orquestra, contudo o espectáculo não teria sido o mesmo sem aquele conjunto de músicos que encheram o palco - e se é grande aquele palco!!! Nem há um mês estive lá em cima, também, e conheço-o nas pontas dos pés.

E se não fosse a orquestra? Bem, tenho a certeza de que o maestro também teria dado espectáculo, pois é uma multifacetado, com uma cultura geral dantesca e com um sentido de humor desconcertante.

Martim, numa próxima oportunidade levo tarte de queijo e ficamos todos na conversa. Que tal? 

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Os filhos do digital

 “Tão inteligente! Tão pequenino e já sabe ir ao Youtube sozinho!”

“Criança esperta! Domina o telemóvel melhor que qualquer um de nós!”


Quem nunca ouviu ou disse algo do género? Quem nunca ficou boquiaberto com a destreza com que os mais jovens manuseiam as novas tecnologias? 


Imagem: Unsplash


Dê um passo em frente se nunca passou para a mão de um miúdo um telemóvel, ou tablet, para o entreter num momento de tédio, para pôr fim a uma birra, para que se calasse um pouco, para conseguir fazer algo sem ser incomodado? As hipóteses são imensas e, com certeza, haverá um elevado número de pessoas a sair do lugar onde está. Com medo, com culpa ou sem qualquer sentimento ou emoção, pois este é um gesto já irreflectido,  imediato e normalizado perante uma “situação de crise”.


É tudo muito interessante até ao momento em que, já desesperados, os pais não sabem o que fazer, pois os filhos estão viciados em redes sociais, em jogos, em amigos que não conhecem. Saem de casa, de manhã, já com os olhos fixos num qualquer ecrã portátil; na escola, caso não seja proibido, passam aulas e intervalos agarrados ao whatsapp, ao TikTok e outras aplicações onde o mais provável é estarem a trocar mensagens com o colega que está sentado mesmo ao lado - não, não estão a contar segredos, são conversas banais nas quais poderiam usar um sistema muito mais desenvolvido: o aparelho fonador do qual somos naturalmente dotados; ao final do dia, depois de aulas, explicações e mil e uma atividades extracurriculares, chegam a casa e enfiam-se no quarto, onde continuam com os dedos e os olhos esgazeados pelos aparelhos que têm à mão.


E assim vão crescendo.


Os fabricantes de jogos para as mais diversas consolas existentes no mercado alegam que os seus produtos fazem desenvolver capacidades e competências que, posteriormente, são facilmente concretizadas na vida real. Há, no entanto, estudos que provam o contrário. Em jogos de combate ou de velocidade, em que são necessárias destreza, rapidez de raciocínio e acção, tudo isso não passa de ficção. Nada disso é aplicável em circunstâncias reais. Saber jogar FIFA - um dos jogos mais populares entre os amantes de futebol - não significa que se saiba chutar uma bola. Super Mário, GTA, Clash of Clans Minecraft, Simms... Há tantos outros exemplos


São horas, dias, meses, anos de ecrã. Tempo que se perde, em que pouco se aprende e com consequências devastadoras a todos os níveis: cognitivo, emocional, social e físico. Tudo acontece demasiado rápido, não há tempo de espera, logo não há tédio, logo perde-se a oportunidade de descobrir o que fazer com o tempo que se tem entre mãos.


Há miúdos que têm os melhores amigos num computador sabe-se lá onde, com todos os riscos que isso possa acarretar, porém se se cruzarem na mesma sala são incapazes de trocar uma palavra ou até um olhar. Há outros tantos cuja caligrafia é imperceptível, porque não desenvolvem a motricidade fina. Há jovens incapazes de resolver uma soma ou uma multiplicação simples, porque a calculadora fá-lo por eles. E, por incrível que pareça, uma boa parte desta geração não sabe e não consegue fazer uma pesquisa no Google!


Responsáveis? Nós! Nós que inventámos os computadores, as consolas e os telefones espertos. Nós, que lhes colocamos nas mãos o primeiro ecrã antes de completarem um ano de idade. Nós, que cedemos a chantagens baratas em troca de um pouco de sossego. Nós, que caímos na conversa do bandido, acreditando que o último modelo da marca fará dos nossos pequenos uns génios. Nós, que compensamos a nossa ausência com tecnologia.


Acredito que nem tudo seja mau, mas para que não se torne pior, teremos de ser nós, adultos, a fazer alguma coisa. Adiar os ecrãs, criar outros estímulos e, consequentemente, adoptar hábitos diferentes. Fomentar tempo de qualidade com os mais novos e criar-lhes memórias - como dizia Johann Paul Richter “a memória é o único paraíso do qual não podemos ser expulsos”



NOTA: Este artigo foi originalmente publicado, na edição 52 da revista Justiça com A

domingo, 23 de outubro de 2022

A essência


Algures no tempo sinto que a essência do Pano p'ra Mangas se foi perdendo. Foram as redes sociais, fui eu, foram todas as mudanças que aconteceram - não, não tem nada a ver com a pandemia, aliás, esta não pode ser desculpa para tudo o que se perdeu e não trouxemos para esta nova vida. Nova...está quase tudo na mesma, se virmos bem.

E como é que me dei conta disto? Agora! Apenas agora. Nunca é tarde, parece-me...

Fui a uma das estantes que tenho nos meus cinco metros de felicidade na meca de uns livros japoneses, de costura, que comprei na Retrosoaria há cerca de dez anos (UMA DÉCADA!) e os meus olhos pararam nestes dois que trouxe de Londres, também há quase dez anos.

Olhei para eles, peguei-lhes, folheei-os e pensei que os compraria de novo se fosse hoje. Afinal há coisas que não mudam e a essência é uma delas.

Na época o Instagram estava a dar os primeiros passos, ainda não havia influenciadores digitais, pouco se falava em gestão de redes sociais ou gestão de comunidades. As bloggers trocavam, entre si presentes que, depois agradeciam num post simpático. Era genuíno. Enviávamos e recebíamos sem o compromisso de ter que falar bem. Enviávamos e recebíamos porque sim. Apenas isso. Foi noutra vida, parece-me.

Às vezes perguntam-me pelo blog. Não morreu, mas tem estado em coma profundo agarrado apenas ao nome que permanece nas tais redes que o vieram destronar. Lá, os textos são mais curtos, as fotos que têm mais audiência são aquelas em que aparecemos, os posts com mais visualizações, partilhas e comentários são os que, de alguma forma, se referem a assuntos mais polémicos.

E eu fiquei a namorar os livros que trouxe comigo. Enfiei na mala também um dos meus quilts. 


Tenho saudades de escrever aqui - porque continuo a escrever noutros lugares. Tenho saudades das horas passadas no atelier e para o qual, nesta fase da minha vida não tenho tempo. Tenho saudades dos meus cadernos de aguarelas e rabiscos onde desenhava projectos que nunca chegavam a tomar forma.

Porque o que eu gosto realmente é de escrever, de fazer. Quero que me reconheçam pelo que escrevo, pelo que faço, pelo que sou, e não pelos lugares onde vou, pelas roupas que visto ou pelas pessoas que encontro pelo caminho.

Abrandar é o que se impõe. Tal como escrever, já que para fazer precisava de um tempo que agora não tenho.

Quanto aos livros, lembro-me que foram amor à primeira vista, tal como a loja onde os comprei e onde ía amiúde. O estilo shabby-chic estava muito em voga na época. Era descontraído, despretensioso, obrigava a rebuscar os baús das avós. Era - e é! - uma delícia.

quarta-feira, 2 de março de 2022


A terça feira de Carnaval é conhecida, em alguns países, como Pancake Day, que é como quem diz:
Dia de comer panquecas!

Aqui por casa come-se panquecas quando nos apetece. Qualquer dia é dia de as fazer e de as comer.

Já no Instagram parece que é o Domingo o dia delas, a não ser que façam como eu, em que um dia de praia, no Verão, rende para umas semanas de fotografias 😂😂😂 - sim, como o mesmo biquini! o que faz com que oiça muitas vezes: "Mas tu passas a vida na praia!" - só que não!

Uma dose de panquecas da minha receita rende, pelo menos, para doze unidades, o que equivale a seis pratos decorados de diferentes maneiras, e aí teríamos um mês e meio de domingos perfeitos de panquecas maravilhosas. #fakeituntilyoumakeit

Ainda assim há uma razão para este dia. A terça-feira de Carnaval antecede a quarta-feira de Cinzas, com a qual o mundo Cristão inicia a Quaresma, período que se prolonga até à Páscoa - 40 dias, para os mais distraídos - e durante o qual era/é hábito jejuar. Não, não se fica quarenta dias sem comer, apesar das guloseimas - folar e ovos de chocolate, entre outras. Renuncia-se, sim, a algumas iguarias em nome do culto, do respeito, da fé, da tradição (que já não é o que era, como diz o slogan publicitário),...

Cultura geral à parte e voltando às panquecas: a receita é a a de sempre, com um pequeno twist - substitui a chávena de leite por uma, mal cheia, de iogurte grego.

Ficaram mais altas e fofas, mas o sabor é exactamente o mesmo.

Como gosto de as servir e comer? Com tudo e com todos, porém os meus preferidos são açúcar, canela, mel, fruta, iogurte, fiambre e queijo. Um de cada vez, 'tá? Que eu não gosto de mixórdias!

São servidos?


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Corrigir testes


Todos nós crescemos a fazer testes e, enquanto estudantes, reclamávamos de cada vez que o professor chegava à aula a seguir aos ditos cujos sem que os trouxesse corrigidos. Ora bem...isto tem mais que se lhe diga!, mas na altura não fazia ideia do que estava por trás de tamanha demora.

Sim, há professores mais ágeis que outros. 
Sim, há disciplinas, cujos testes, que, pelo seu teor mais objectivo, são mais fáceis e rápidos de devolver.
Sim, há professores mais, ou menos exigentes.

Confesso: sou chatinha! E, por incrível que pareça, um teste com menos anotações não quer dizer que esteja melhor que um outro que esteja mais rabiscado, anotado, pintalgado. Por vezes não há nada que possa ser dito e isso não tem de ser nem bom, nem mau. Outras vezes há em que faço tantas anotações, setas e asteriscos que não deve ser fácil interpretar o porquê de tanta cor. 

Normalmente nem olham para o que lá escrevo. Apenas vêem a mancha colorida que invade o enunciado e passam os olhos pela nota. Depois, enfiam a folha dentro de um caderno, deixam por baixo da mesa ou atiram para a mochila. Poucos são os que se questionam. Poucos são os que têm tudo organizado. Enquanto adulta e no papel de professora, é obvio que me preocupam os primeiros e me agradam os últimos. Eu já tive a idade deles e lembro-me o que fazia aos testes quando os recebia: alguns havia que não ligava nenhuma, outros eram analisados à lupa na tentativa de descobrir alguma falha do professor para que pudesse subir a nota e outros guardava-os no respectivo caderno diário.

Tenho por norma não corrigir a vermelho. Prefiro o rosa ou o laranja. Manias ... 

Há dias dei-me ao trabalho de contar pelo relógio o tempo que levo em correcções. São cerca de três horas a corrigir oito textos (no meu caso, um texto - ou produção escrita - corresponde a um teste), em que a média de palavras ronda as 160 ou 180. Parece pouco, não é? Seria, se não tivesse mais de cem para corrigir.

Leio cada um destes textos, pelo menos duas vezes. Às vezes, três. A cada volta descubro erros ortográficos, de pontuação, de coesão e coerência. A cada volta faço anotações diferentes: assinalo reiterações, sugiro sinónimos e outras formas de escrever o que lá está.

Ao fim de algum tempo tenho de parar. Preciso destas pausas para continuar a tarefa com precisão e rigor, sem me deixar vencer pelo cansaço. Não acho certo que nos primeiros sejam corrigidos de forma mais rigorosa que os seguintes. Os critérios têm de ser iguais. Dou comigo, muitas vezes, a consultar o dicionário pois, de ler tantos erros, acabo por ficar com dúvidas. Será só comigo que isto acontece? 

Feitas as contas, demoro cerca de 45 horas com um grupo de textos de avaliação, já que depois de os corrigir ainda tenho de os classificar em infinitas e demoníacas tabelas de Excel!!!

São muitas horas, é verdade. E onde é que as vou buscar? Dava jeito ser Senhora do Tempo, com a capacidade de o multiplicar... Mas não sou. Assim, tenho de as roubar aos meus dias, à minha cama, aos meus amigos, à minha família, aos meus hobbies, às refeições, à casa, a mim... 

Podia não fazer testes? Podia!  

Quantas são as profissões que exigem trabalhar antes e depois do horário laboral? Há algumas, eu sei que há, mas não são assim tantas como tudo isso. 

E não, não me estou a queixar. Isto é um facto contra o qual não há argumentos. Quer dizer... há miúdos que argumentam também ter de estar na escola e ter de estudar depois e não receberem por isso - não recebem em moeda, é verdade, mas recebem em notas e em géneros, não têm contas para pagar nem outras preocupações do género. Percebem isso? Acho que não...



quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Boas práticas - I

Chamar-lhe sustentabilidade parece-me demasiado pomposo, por isso prefiro dar-lhe o nome de "boas práticas", uma vez que são estas as que fazem parte da normalidade dos meus dias, e algumas desde que me entendo como gente. 

Há umas semanas encontrei a Marta - quer dizer, conheci-a pessoalmente, ou melhor ainda, ela é que me reconheceu, e após uma breve troca de palavras sobre um dos produtos que ela comercializa e eu utilizo, desafiou-me a escrever um post - que afinal vão ser mais... - sobre este assunto.

Para algumas pessoas ainda parece um bicho de sete cabeças, mas acreditem que não é, e assim que que se entranha, deixa-se de se estranhar.

Começo pelo que originou a conversa, o desafio e o post: o copo menstrual.

Já falei dele aqui e lembro-me que, na altura houve uma série de comentários, quer a favor, quer contra, públicos e privados. O que vos posso dizer é que desde que o adquiri nunca mais comprei tampões nem pensos higiénicos, o que no que diz respeito a investimento valeu bem a pena - basta fazer as contas. 

Em termos práticos: apenas tem e ser mudado de 12 em 12 horas, e não me venham com a história de que "tenho imenso fluxo" (em média um fluxo abundante é de 80ml durante todo o ciclo), porque não pega. E porquê? Com a utilização de pensos e tampões acabamos por não ter bem a noção do mesmo, porque basta um tampão ou um penso mal colocado para haver asneira e pensarmos que nos estamos a esvair em sangue. Além disso há copos com diversas capacidades: dependendo das marcas pode variar entre os 25ml e os 30ml. Parece pouco? Isto equivale, aproximadamente, a três tampões.

Outra questão levantada, na altura, teve a ver com a higiene. Sempre que falo nisto vejo caras franzidas à minha volta, numa expressão de nojo e repulsa. Confesso que antes de começar a usar também tive muitas dúvidas, porém não há nada de mais higiénico. Não, não sujamos as mãos. E o melhor de tudo: não tem cheiro! Aquele cheiro que se sente quando um tampão ou penso está ensopado - isso sim, é incomodativo, não para os outros mas para nós.

E não se sente? Não, não se sente! Depois de inserido, cria vácuo e nem se dá por ele. É uma maravilha! A primeira vez que o usei tive alguma dificuldade em retirá-lo, mas pensei: o máximo que me pode acontecer é ter de ir às urgências do hospital para mo tirarem. E não, não teria tido problemas com isso, afinal trata-se de um copo menstrual e não de nenhum objecto estranho.

O que mais posso dizer? Ler as instruções de manutenção!

"Ai, não tens vergonha de escrever sobre isto e te expores?" Meus amores, vergonha é roubar e ser apanhado, como se diz por aí.  Por que havemos de fazer de algo natural um tabu? Não é a Control Portugal que tem uma conta de Instagram que é, simplesmente, fantástica, original e divertida? E é sobre o quê? Sexo! 

Experimentem. Já há no mercado copos de vários preços e muitas vezes há promoções.

Ao longo da vida, uma mulher usa, em média 11.000 (sim, onze mil) tampões ou 10.000 a 15.000 pensos higiénicos. Um copo menstrual pode durar cerca de 10 anos, desde que a sua utilização e higienização seja feita da forma correcta.

Convencidas? Ou ainda não?

(os próximos posts ainda sobre boas práticas contemplam assuntos como: sacos de pano ecompras avulso, entre outros)

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Outubro Rosa


São centenas, se não milhares, as campanhas de prevenção do cancro da mama que surgem todos os anos, especialmente nesta altura. Por todo o lado se angaria fundos, se faz rastreios gratuitos, se distribui informação, entre tantas outras coisas. Até há monumentos que se tornam cor de rosa, sabiam? Basta uma pesquisa no Google e encontrarão referências.

E se parte da cura está na prevenção, essa está dependente apenas de nós! Não tenhamos receio de pedir e fazer exames, mostrá-los a quem percebe do assunto e não apenas ao "amigo-do-amigo-porque-o-amigo-tem-outro amigo". Em caso de dúvidas pedir segundas opiniões e procurar o que de melhor está ao alcance de cada um de nós. Acreditem que, qualquer que seja a decisão que se tome, esta é sempre a melhor que se pode tomar no momento. 

O auto-exame também é importante e, atenção, porque se qualquer caroço é, de certa forma, fácil de detectar numa mama pequena, numa outra de maior dimensão o mesmo já é mais difícil e encontrá-lo pode ser sinal de que algo mais avançado do que o normal já cresce no corpo. Não queremos que isso aconteça.


Se 85% dos casos detectados são dados como curados ao fim de 5 anos, há os outros 15% que não deixam de ser preocupantes. Além disso, esta é uma doença que não escolhe, propriamente, a idade nem o sexo. Dos cerca de 6000 casos diagnosticados, por ano, em Portugal, aproximadamente 1% acontece no sexo masculino. Portanto, senhoras e senhores, estejam atentos aos sinais que o vosso corpo dá.

Este assunto traz-me sempre à memória o caso de uma pessoa que, sem ser familiar, me é muito muito querida, ao ponto de lhe chamar "mãe da minha alma", e que seis meses depois de ter feito exames de rotina, teve um pressentimento e pediu que lhos fizessem de novo. Lá estava ele! O resultado foi uma mastectomia dupla com rejeição das próteses que, pouco tempo depois de terem sido colocadas, tiveram de ser retiradas. Não imagino a dor e o medo. Soube desta notícia no momento em que atravessava a Ponte 25 de Abril depois de um dia demasiado longo de trabalho em Lisboa. Chorei a viagem toda, de dor e de medo, mas que não estava nem próximo do que essa pessoa estaria a sentir. Felizmente, tudo acabou bem e ainda hoje a tenho comigo.

E foi por tudo isto que abracei o desafio proposto pelo Designer Algarve Outlet para divulgar a campanha de prevenção que estão a levar a cabo. O press kit que me enviaram é maravilhoso, mas que valor teria se fizesse apenas um comum unboxing com meia dúzia de legendas a dizer que era tudo muito bonito?? Isso é para as estrelas do Instagram, não para mim. Cada um faz o que sabe, o que pode e o que sente, por isso, vesti a camisola - neste caso um lenço concebido para este evento - e gravei um vídeo - despretensioso, caseiro e rudimentar - que pode ser visto na minha conta de Instagram.

Vela: Luhme     Lenço: Iela





domingo, 17 de outubro de 2021

Um ano depois...

Eu sei, eu sei...Passou-se um ano - e tantos acontecimentos - depois do último post aqui no blog.

- mais um ano de pandemia

- um confinamento mais prolongado, difícil e devastador

- uma incerteza tão grande que passei a viver um dia de cada vez sem pensar muito no que irá acontecer depois de amanhã

- mais aulas, mais verbo to be, mais Saramago

- a primeira semana de férias desde 2013!!! (um luxo!)

- e tantas, tantas outras coisas...

É triste, contudo é verdade. As redes sociais sobrepuseram-se ao poder do blog, mas sem dúvida é na escrita que tenho a alma. O Facebook não me custa nada, já o Instagram é quase ditatorial. Por vezes penso deixá-las para trás e regressar apenas ao blog, à origem, onde tudo começou, porém as redes são tão mais fáceis e apelativas,  e tão mais trabalhosas, mas dão muito menos trabalho. Parece contraditório, não é?

São também mais apressadas, de tal forma que se nos perguntarem qual foi o último post onde colocaste um like ou deixaste um comentário, provavelmente não temos a resposta na ponta da língua, porque o consumo é tão imediato que é como um flash que nos passa pelos olhos. Memória de peixe, diria.

E o que me traz hoje aqui? Nada em especial. Talvez a vontade de trazer luz a este cantinho que tem estado apagado. Vou limpar-lhe o pó, mudar as lâmpadas e dar-lhe vida - como se de uma casa fechada durante muito tempo se tratasse.

Confesso que ligar o dinossauro do meu computador, descarregar fotos da câmera, editá-las e depois escrever leva mais tempo do que aquele que tenho disponível. Vou fazer um esforço. Há tempos experimentei a app do Blogger de forma a fazer estas actualizações através do telemóvel, mas também ela parece ter ficado no ano do meu computador. Será que entretanto melhorou?

Vou experimentar!


Fica o meu olá e até já.


quarta-feira, 14 de outubro de 2020

#amormaior


Os últimos meses têm sido, deveras, atribulados. Se por um lado o computador tem ficado encerrado, por outro a correria tem sido imensa e, confesso, quis aproveitar a praia até ao último momento que, só por acaso, coincidiu com o dia do meu aniversário.

Apenas na semana passada dei como encerrado o meu horário e, acreditem, este ano não foi fácil conjugar vontades, anos lectivos e horários a roçar o esquizofrénico. A isto, junte-se o facto de ter sido obrigada a preparar mais um espaço para conseguir dar explicações - não que o número de alunos tenha aumentado, mas as exigências do "bicho papão" assim demandaram. Ainda não chegámos ao fim de Outubro e uma das minhas mesas já está a perder a cor de tanto desinfectante...

Ainda assim, e porque as saudades já eram muitas, consegui arranjar tempo para regressar ao ballet. Pois é, um ano e meio depois de ter parado, voltei a calçar as sapatilhas e as minhas pernas já se queixam dos pliés eheheh Ahhh, mas sabe tão bem!

Ter conseguido regressar foi também motivo de reflexão. Reflectir sobre o quê? Bem, sobre as causas que me levaram a parar. Sem dúvida que a falta de tempo - horas livres - foi a maior, contudo a ausência de disponibilidade ditou a paragem. É que falta de tempo e falta de disponibilidade são duas coisas completamente diferentes. 

Tive um projecto entre mãos que acabou por não dar em nada, mas pouco tempo depois comecei com outro que está a dar frutos, que eu estou a adorar, que me deixa pelos cabelos mas que chegou na hora certa. Não se diz, por aí, que Deus escreve certo por linhas tortas? Ora, de tanto escrever aqui e ali, agora ganhei uma espécie de céu.

Eu sei que há muitas pessoas que me acompanham por aqui, e eu deixei este espaço entregue às ervas daninhas, mas não fugi e tenho estado mais presente no Instagram e no Facebook.

Tentarei escrever por aqui mais vezes... Deixa ver o que o futuro me reserva.

Agora, vou ali ao lado vertir o maillot, as collants e as meias-pontas pois o meu #amormaior espera por mim. 

...5, 6, 7 e 8. Primeira posição. Plié!

Pano p'ra Mangas

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Dia Mundial da Fotografia

Pelo que vejo só aqui escrevo de mês a mês, o que já nem é mau, tendo em conta a conjuntura. Vamos ver se é hoje. Para trás ficam alguns posts que não passam de rascunhos e que, relidos, já não fazem muito sentido. É o que dá escrever consoante os humores...
A propósito do Dia Mundial da Fotografia, estive há pouco a ver as minhas máquinas fotográficas - não que tenha muitas, mas as que tenho fazem parte da história da minha vida, cresceram comigo e eu com elas.

A minha primeira Kodac tem ainda um rolo 110 com 24 fotografias, sendo que metade ainda está por usar. Recebi-a de presente de Natal com 11 anos e a primeira foto que tirei com ela foi à minha avó. Lembro-me como se fosse hoje. Ela estava de roupão, a varrer o pátio e eu, sorrateiramente, tirei-lhe uma foto. Ficou tão zangada comigo... Levei cá um raspanete que nem imaginam. É que naquela época a fotografia era algo que ainda requeria alguma preparação - nem que fosse a roupa ou a pose - e apanhá-la assim, sem estar aprumada, foi um terramoto! Lamento não saber onde anda essa foto, mas no dia em que a encontrar, partilho-a aqui.

Por perto tenho, também uma Half Frame, que no espaço de uma foto tira duas e assim é possível construir histórias - storytelling em fotos, hein?! Foi-me dada pela minha irmã e em Londres era companhia certeira. Também esta tem um rolo lá dentro, mas há tanto tempo que já perdi o tino à sequência de histórias que comecei a construir. Como para obter este resultado, as fotos têm de ser tiradas aos pares, parece-me que já deve estar tudo desemparelhado.

Sempre à mão está, igualmente, a Instax Mini 8 que me foi oferecida pela Fujifilm Portugal numa viagem que fiz com a marca em 2014. Lembram-se? Entretanto já sairam umas quantas outras versões, muito melhoradas, bem como outros modelos que eu adoro.

Mais perto ainda tenho a Canon e a sua lente de 50mm. A 18-55 está avariada e confesso que não me apetece mandar arranjar - às tantas é só pó acumulado, o que impede que funcione. Não sei! Deste modo obrigo-me a angulos mais difíceis e a uma ginástica visual e corporal "obrigatória" para o uso da mesma. Confesso que não a tenho usado assim tanto. Todo o processo de tirar as fotos, descarregar para editar e blá bla bla se tornou aborrecido e pouco interessante. Falta-lhe o wifi, é o que é!| (desculpas...)

Por último: a câmera das câmeras - a do meu telefone! Sou incapaz de gastar muito dinheiro num telefone, mas tendo em conta que é também um instrumento de trabalho, o último que adquiri foi uma extravagância - pelo menos para mim!  - e adoro-o, pelo menos enquant não começar a crashar. Posso fotografar em modo manual, trabalhar só a abertura de lente, tem modo nocturno, enfim... Não é um Porsche, mas serve para o uso que lhe dou.

E hoje? Já tirei alguma foto especial? Não! Shame on me!!!!

Pano p'ra Mangas

sábado, 18 de julho de 2020

Faro: a cidade aberta ao mundo

Faz hoje, dia 18 de Julho, precisamente 7 anos - aquele número que dizem ser mágico - que regressei à minha cidade, após uma ausência de quase dois anos.

Lembro-me, perfeitamente, da sensação de ter regressado a um lugar diferente daquele que deixara em 2011. Faro, capital de distrito, apesar de ter um aeroporto internacional mesmo ao lado era uma cidade morta, com pouca ou quase nenhuma vida e onde o turismo era escasso.

Era. Tinha sido. Já não era mais.

Tornou-se um lugar atractivo e apetecível, onde os turistas foram aparecendo aos poucos, não só no Verão mas ao longo do ano inteiro. E não me refiro apenas a turistas estrangeiros, os próprios portugueses começaram a ficar por aqui - afinal, estamos no centro litoral do Algarve e estamos mais ou menos equidistantes da fronteira com Espanha e com o lugar "onde a terra se acaba e o mar começa", segundo Camões.

2020 prometia ser um ano extraordinário, mas algo maior que o nosso poder chegou e arrasou aquilo que tem levado anos a construir: hotelaria, restauração, museus, até as ligações aéreas... Ainda assim, não se pode baixar os braços e tudo deve ser feito para que as portas não fechem - é que queiramos, quer não, uma porta fechada é sinal de que toda uma pirâmide, outrora forte, desmorona.

Quem me segue há mais anos sabe que, de vez em quando gosto de vestir o papel de turista e saio à rua de máquina fotográfica na mão para explorar as ruas como se as olhasse pela primeira vez. O que faço de seguida? Aqui, ou numa das redes sociais onde o Pano p'ra Mangas - Facebook e Instagram -  está presente, partilho aquilo que os meus sentidos captam no momento.
Hoje, apetecia-me voltar atrás no tempo, aterrar novamente no Aeroporto Internacional de Faro e ver a a cidade a crescer. Depois, apagaria 2020 do calendário. Quem sabe se este 7 - o número que referi no início - não é sinal de um recomeço?

Para recomeçar proponho uma visita ao passado - não num tom saudosista, mas num tom de como é bonita a minha cidade.

As ilhas:
Ilha do Farol ... outra vez!

Para passear:
Onde comprar:

Lugares com história:
Palácio de Estoi ... que nunca cansa!

Saborear:

Eventos:

Que este por do sol represente o nascer de um novo dia, já amanhã!


domingo, 28 de junho de 2020

Quase no fim...

... o ano que, definitivamente, mais me marcou nos últimos tempos. 

Continuo a contar os anos pelos períodos lectivos, talvez pelo facto de o meu aniversário ser em Setembro, quando as aulas começam ou porque a minha actividade principal tem fim a cada mês de Maio ou Junho - conforme se tenho alunos para preparar para exames, ou não.

E porque é que este 2019/2020 foi assim tão marcante? Por várias razões... Foi marcado, indubitavelmente, por desafios do caneco, com um bicho invisível pelo meio, que tenho conseguido manter afastado do meu meio.

Houve fins. Houve princípios. Houve reinícios. Houve pausas. Houve lágrimas de tristeza, desespero e súplica. Houve desilusões. Houve sorrisos, sonoras gargalhadas e felicidade. Houve surpresas. Tudo isto emoldurado por palavras - muitas palavras!

Já o ano lectivo ía em modo up and running quando surgiu o convite para dar aulas de Escrita Criativa. Hesitei. Tive medo. Era como pisar um palco pela primeira vez em que a plateia é pequena e te julga de alto a baixo, mede as tuas palavras, estuda os teus gestos, ouve - quase sempre - os teus erros e não te poupa a críticas mordazes. Embora já tenha passado muito tempo, lembro-me bem do que era ser aluna, mas também me lembro a primeira vez que pisei uma sala de aula com 23 anos acabados de fazer e nenhuma experiência. Aceitei o desafio! Não digo não a um bom desafio! Afinal, era o concretizar de mais um sonho de menina, do qual fui obrigada a desistir pouco tempo depois de ter terminado a faculdade.

A verdade é que não há, que eu saiba, licenciaturas em Escrita Criativa, mas cinco anos de Estudos Portugueses, a ler há quarenta anos,  mais de vinte a escrever por aqui e por ali e quase dez a dar explicações para alguma coisa me servem.

Fui "praxada" logo na primeira aula. Entusiasmada, comprei canetas coloridas para quadro branco - apesar da existência de um quadro de ardósia na sala - e, movida pela frescura escrevi, com orgulho, o sumário daquela que era a minha primeira aula. O burburinho nas minhas costas deu origem a um silêncio sepulcral. Viro-me e há uma aluna que - de riso encolhido - me diz: "Pr'ssora, isso é o quadro interactivo!". Ía morrendo! Vi a minha vida a andar para trás. No final foi risota pegada e tudo não passou de um susto. Lição aprendida: passei a usar o quadro de ardósia!

A meio do ano e de forma abrupta viemos todos para casa. Contudo, não foi por isso que o ritmo abrandou... Os primeiros quinze dias foram de desconcerto, desorientação e receio. Confesso que, ingenuamente, pensei que este recolhimento durasse apenas duas semanas. Só que não!
À medida que as notícias íam avançando, fui perdendo explicandos... not good! Ainda assim, aceitável. 

As aulas e explicações começaram a ser feitas a partir de casa. Primeiro só com trabalhos e depois via Zoom e Teams. Improvisei um canto que não invadisse a minha privacidade e que, em simultâneo fosse agradável a quem me visse do outro lado do ecrã. Decorei-o com as minhas pessoas, e com momentos bons - tinha de haver algo positivo no meio de tudo isto.
O cansaço foi levado, muitas vezes, à exaustão. 

Houve dias em que me sentava ao computador às 9 da manhã e me levantava às 9 da noite.
Houve dias em que fiquei sem voz.
Houve dias em que tive de adiar aulas porque as náuseas eram insuportáveis.
Houve dias em que achei que o meu velhinho computador já não aguentasse.
Houve dias em que tive de ir buscar um segundo par de óculos para colocar em cima dos meus e, como se não chegasse, ainda usava o zoom da camera do telemóvel para conseguir ler.

Graças a Deus nunca tive de me preocupar com refeições e isso foi uma verdadeira benção. 

Não sei como será em Setembro. Setembro é sempre tempo de mudanças - e na minha vida já houve tantas, como escrevi há uns meses...

Sei que tenho saudades dos meus miúdos: de lhes colar - na brincadeira - um ponteiro à testa para ver se a matéria entrava melhor, de lhes abrir os olhos e torcer o nariz, de rir com eles, de ser confidente, de lhes fazer bolos para o lanche, de celebrar cada uma das suas vitórias pessoalmente. 

Mas sei que os meus explicandos não precisam de ser de Faro... Eles podem chegar-me de qualquer ponto do país, pois o trabalho que foi desenvolvido individualmente com cada um deles não perdeu qualidade. Continuo e continuarei a dar-lhes a cana para que aprendam a pescar.

Só darei por terminado o ano depois das reuniões de avaliação - e ainda tenho algumas grelhas por preencher!

Fica, desde já o meu MUITO OBRIGADA a todos os que se mantiveram comigo nestes meses tão diferentes quanto duros.

Pano p'ra Mangas

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Ilusões


Quando o confinamento teve início - para mim, no dia 13 de Março - criei a ilusão de que não só a coisa apenas duraria umas duas semanas, como teria tempo para fazer uma pilha de coisas que normalmente não faço e outras que deixei de fazer.  Pensei que regressaria à prática regular de exercício físico, que conseguiria fazer este ou aquele curso, que teria tempo para ler mais, fotografar mais, criar mais peças de cerâmica ... até regressar mais amiúde à blogosfera.

Tudo não passou de um filme que fiz na minha cabeça!

Li algumas coisas, sim e de vez em quando tenho pegado na máquina fotográfica. 
Hoje percebi que não vinha cá há quase dois meses...
Cursos? Quais cursos? 
Cerâmica? Também não!
Passo tantas horas em frente ao computador que acabo por não ter energia para mais nada. De vez em quando sou assaltada pela vontade de "amanhã vai ser diferente", mas chego ao fim do dia com os olhos tão moídos, a cabeça cansada e o rabo (ainda mais) quadrado, que a tal vontade vai para o mesmo lugar de onde partiu sem que tenha saído do lugar.

Queixo-me? Sim e não! Afinal não fiquei sem trabalho e, mesmo de casa, tenho conseguido gerir a minha actividade. Perdi algum income, é verdade, mas não o suficiente para entrar em desespero.

Há dias em que penso que era capaz de trabalhar sempre em modo remoto, mas rapidamente afasto esses pensamentos da minha cabeça. Tenho saudades dos meus miúdos, de lhes preparar um bolo para o lanche e de lhes medir o humor quando lhes abro a porta.

Isto de passar o dia a uma curta distância do computador é duro! Chego a ter náuseas e quebras de tensão. Mas vai passar...
E se acredito que vai ficar tudo bem? Não, não acredito. Pelo menos nos próximos tempos. Vai ficar bem, aos poucos - isso sim, acredito, mas não é já.
Pano p'ra Mangas

terça-feira, 7 de abril de 2020

Vai ficar tudo bem. Mesmo?

A Primavera ao meu lado faz-me acreditar de que tudo isto vai passar.
Se vai ficar tudo bem? Não, não vai. Não são hashtags carregadas de arco-íris que me vão fazer crer nisso. Seria ingenuidade da minha parte ou fuga à realidade. As coisas não se resolvem num estalar de dedos, nem com uma poção mágica, nem com uma borracha que apaga as letras que, a lápis, escrevemos num papel.
É, antes, uma folha de papel amarrotado que, por muito que a estiquemos não voltará a ser nova. Não vamos querer escrever um hino à vida ou uma carta de amor numa folha amarrotada. Teremos de nos erguer e ir na meca de uma nova. Aí, sim, poderemos começar a escrever o futuro.
O depois vai ser duro. Mais para uns do que para outros, como em tudo. E sim, (até) vai ficar ( tudo) bem, mas não já. Não, se ficarmos apenas à espera que passe. Não, se não arregaçarmos as mãos e tivermos a coragem de recomeçar.
Haverá sempre os oportunistas. Haverá sempre os preguiçosos. Haverá sempre os fracos. Haverá sempre os fortes.
Cabe-nos a nós escolher quem somos e o que iremos fazer. Em prol de uma consciência colectiva e não apenas do próprio umbigo. Não poderemos, deste modo, culpar o outro por aquilo que nos aconteceu, acontece ou irá acontecer.
Para já, resta-me esta Primavera de dias cinzentos e papoulas vermelhas.

Pano p'ra Mangas

sábado, 4 de abril de 2020

Caderno + washi tape = caderno perfeito!

Como se não tivesse cadernos suficientes... Na última ronda que fiz pelas minhas tralhas encontrei mais uns quantos, todos por estrear. Manias, sei lá! Adoro!

Hoje fiquei com mais um! Quer dizer...dei um ar diferente a um que já cá tinha. Não é um projecto original, pois quando estive em Londres fiz algo semelhante com um caderno comprado na Cass Art (aaahhh, as saudades que tenho dessa loja...) e o de hoje devo ter comprado na Muji, em Lisboa. Já não me recordo.

Ora bem... Trouxe para perto de mim o meu frasco de washi tapes e separei-as por cores. Apercebi-me que não tenho nenhuma onde impere o verde! Separados os rolos, contei o número de folhas do caderno: 32! A partir daqui foi construir uma espécie de arco-íris de washi tape: uma para cada folha! Foi difícil a escolha, confesso. 
Ao longo de todo este processo fui tirando fotos. Nem imaginam as saudades que eu já tinha de pegar na minha camera. A sensação que tenho é que preciso reaprender a usá-la. Não, as fotos não foram tiradas em modo automático, mas até acertar com a coisa, ainda levei algum tempo. E também não as editei antes de as publicar. Vieram mesmo a cru. Soube-me mesmo bem!!!

Feitos os preparativos, chegou a hora de dar forma a este simples projecto: ordenei os pequenos rolos na minha frente e à medida que ía cobrindo o extremo de cada folha com uma tira de fita, colocava-a novamente dentro do frasco. 
É, de facto, um trabalho simples, que exige apenas tempo e paciência, contudo o resultado final é mesmo, mesmo giro! No fim, aparei todas as pequenas sobras.
Para o reproduzirem não necessitam de tantas fitas... Duas ou três, alternadas, será o suficiente.

Porque e como tenho tantos rolos de washi tape? Não, não os comprei agora nem os encomendei do Aliexpress. Esta é uma colecção que tenho feito ao longo dos últimos dez anos... sim, dez anos - ou mais. É que já nem me recordo quando comprei o primeiro. E sim, dentro daquele frasco tenho uma pequena grande fortuna e cada rolo tem uma história. Nem todos são da MT - os mais caros - e os últimos comprei na FNAC numa promoção irresistível: 0,50€ cada um!

A capa vai ficar assim, pois seria demasiada palhaçada para um objecto só. O que vou fazer com ele? Para já vai para a estante. fazer companhia aos demais. Depois logo se vê-

Pano p'ra Mangas
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